terça-feira, 22 de março de 2011

CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA

POLUIÇÃO DA ÁGUA
É a alteração das características ecológicas do meio, isto é, de seus aspectos físicos, químicos e biológicos.

CONTAMINAÇÃO DA AGUA
É a introdução de elementos no meio hídrico em concentrações nocivas à saúde do homem.
   

1- Água Pura
Água pura, no sentido rigoroso do termo, não existe na natureza, pois sendo um ótimo solvente, jamais é encontrada em estado de absoluta pureza. Possuem uma série de impurezas que irão imprimir-lhe características físico-químicas e biológicas. A qualidade da água depende basicamente dessas características, que irão influir no grau de tratamento a que devem ser submetidas.

Quando a água se precipita sob a forma de chuva, as gotas dissolvem os gases da atmosfera e carreiam material particulado; ao retirar o gás carbônico da atmosfera, por exemplo, a água se acidifica aumentando ainda mais sua ação solvente. Ao atingir a terra, parte dessa água corre sobre a superfície, parte infiltra-se no solo e parte evapora-se; a água que corre, dissolve, em maior ou menor extensão, conforme tempo de contato e grau de solubilidade, os sais presentes nos minerais existentes no seu caminho, como o carbonato de cálcio e magnésio - calcários - os quais pela ação do gás carbônico na água, são transformados em bicarbonatos que passam a ser solúveis.

2- Acidez da Água
A água é também acidificada quando entra em contato com matérias orgânicas em decomposição, mais freqüentemente de origem vegetal, as quais libertam gás carbônico além de outros, como gás sulfídrico, amoníaco, etc; posteriormente transformados em nitritos e nitratos.
# a acidez é medida através do pH, e pode ser de 0 a 14, o pH 7,0 é considerado neutro.

3- Cor da Água
A matéria orgânica em decomposição liberta também substâncias orgânicas coloridas que são dissolvidas pela água ou postas em fino estado de suspensão, denominado estado coloidal e que dão cor a água; também o ferro e o manganês associados a estas substâncias podem ocasionar cor na água.
# A cor da água é medida numa escala de 0 a 100 UC, unidade colorimétrica.

4- Turbidez da Água
A partir de um certo tamanho, o material em  suspensão na água é chamado de turbidez podendo ser desde partículas de areia, de restos de folhas em suspensão, até mesmo seres vivos, como algas, protozoários, bactérias que além de turbidez e cor, podem conferir à água gosto e odor.
# A turbidez é medida por Unidades Nefélometricas de Turbidez - NTU, variando de 0,1 a 1000 NTU.

5- Impurezas da Água
- Naturais: Constituídas de substâncias encontradas normalmente na atmosfera e solo, em forma de gases, sais e microrganismos.
- Artificiais: Constituídas de substâncias lançadas na atmosfera ou nas águas por atividades humanas - poluição do ar, da água, do solo.

6- Quanto à Aquisição da Impureza da Água
- Pelas águas meteóricas (de chuva): Poeiras, gases da atmosfera (carbônico, sulfídrico, nitrico), substâncias radioativas.
- Pelas águas de superfície: Argila, silte, algas, microrganismos diversos, sais, substâncias orgânicas e radioativas.
- Pelas águas  subterrâneas: Microrganismos diversos (M.D.), sais, substâncias orgânicas.


 

7- Impurezas na água em suspensão ou em solução
- Suspensão Grosseiras: São facilmente flotados ou sedimentados, quando a água é mantida em repouso.
- Suspensão Fina: Exigem um tempo muito grande para serem removidas por simples sedimentação.
- Suspensão Coloidal:  Não se removem por simples sedimentação, devido às propriedades eletrostáticas dos colóides.               
- Soluções: Para remoção das impurezas na forma coloidal e de soluções, é necessário tratamento físico-químico.

8- Quanto à Ocorrência e Principais Efeitos
- Em Suspensão: M.D., mosquitos, larvas, bactérias, algas, fungos, podem causar gosto, odor e turbidez; silte e argila causam turbidez; resíduos industriais e domésticos causam turbidez;  todos acima citados, podem ser causa de poluição e/ou contaminação da água.
- Em Estado Coloidal: Substâncias vegetais em degradação causam cor, turbidez, acidez, odor e sabor na água; sílica causa turbidez.
- Em Solução: Sais de cálcio e magnésio, carbonatos e bicarbonatos causam alcalinidade, dureza na ágaua e incrustração na tubulação.

9- Microrganismos da Água
- Peixes, crustáceos, algas, rotíferos, fungos, protozoários,etc; nem sempre patogênicos, causam as vezes gosto e odor  e podem como no caso de algumas algas, produzir toxinas e entupir filtros na ETA.
- Bactérias: A maioria desses organismos não são patogênicos, mas uma pequena quantidade de espécie deles possui alto significado sanitário. As fezes de qualquer pessoa, sadia ou doente, contém, sempre, um grande número de bactérias que não causam normalmente doenças, mas que, pelo contrário, são até mesmo benéficas por auxiliarem o nosso processo de digestão.
Assim sendo, a água que contém essas bactérias, chamadas genéricamente de coliformes, contém forçosamente, materia fecal.
Cada pessoa elimina por dia cerca de 200 bilhões destas bactérias; o grupo coliforme não se reproduzem nas águas, só no intestino de animais de sangue quente.
Há uma correlação entre o número de coliformes e o número de patogênicos, de um modo geral, admite-se que uma água que contenha 10 a 20 coliformes por litro tem a possibilidade de possuir também 1 germe patogênico, ou seja, uma possibilidade de transmitir doença.

10- Doenças Relacionadas com a Água
De importância primaria: Cólera, Leptospirose, Febre tifóide, Febre paratifóide, Disenteria bacilar, Amebíase, Esquistossomose, etc;


Dioxina - a substância mais tóxica que existe - 
A dioxina, espécie de impureza de herbicidas derivados do petróleo; de acordo com o bioquímico Ames, é a substância mais tóxica que existe; o valor máximo permitido de dioxina é 6 fentogramas diários (0,000.000.000.000. 006 g/Kg). Isto equivale a tomar uma  cerveja a  cada  oito  mil  anos !". a dioxina pode causar câncer, problemas no sistema imunológico e defeitos congênitos.

Recentemente a dioxina foi detectada em alimentos na Bélgica, onde ocasionou até queda de ministro. Enquanto que até hoje no Brasil, país que exportou a dioxina, ainda não está esclarecido o controle do depósito, em área de manancial na bacia hidrográfica do Rio Grande, com toneladas desse produto.

"Um estudo feito em 1988 relatou que mais de 2.100 substâncias nocivas foram encontradas na água potável dos EUA desde que o Safe Drinking Water Act foi passado, em 1974. Dos produtos químicos encontrados, 97 eram cancerígenos conhecidos, 82 causavam mutações, 28 causavam toxidade aguda ou crônica, e 23 geravam tumores. As 1.900 substâncias  nocivas restantes não foram testadas adequadamente no que se refere a possíveis efeitos adversos à saúde. Environment Policy Institute, jan 1988."

Lixo – Acúmulo de detritos domésticos e industriais não-biodegradáveis na atmosfera, no solo, subsolo e nas águas continentais e marítimas provoca danos ao meio ambiente e doenças nos seres humanos. As substâncias não-biodegradáveis estão presentes em plásticos, produtos de limpeza, tintas e solventes, pesticidas e componentes de produtos eletroeletrônicos. As fraldas descartáveis demoram mais de cinqüenta anos para se decompor, e os plásticos levam de quatro a cinco séculos. Ao longo do tempo, os mares, oceanos e manguezais vêm servindo de depósito para esses resíduos.
   

Resíduos radiativos – Entre todas as formas de lixo, os resíduos radiativos são os mais perigosos. Substâncias radiativas são usadas como combustível em usinas atômicas de geração de energia elétrica, em motores de submarinos nucleares e em equipamentos médico-hospitalares. Mesmo depois de esgotarem sua capacidade como combustível, não podem ser destruídas e permanecem em atividade durante milhares e até milhões de anos. Despejos no mar e na atmosfera são proibidos desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente seguras de armazenar essas substâncias. As mais recomendadas são tambores ou recipientes impermeáveis de concreto, à prova de radiação, que devem ser enterrados em áreas geologicamente estáveis. Essas precauções, no entanto, nem sempre são cumpridas e os vazamentos são freqüentes. Em contato com o meio ambiente, as substâncias radiativas interferem diretamente nos átomos e moléculas que formam os tecidos vivos, provocam alterações genéticas e câncer.



 
O lixo torna a água não potável.
Em muitas ocasiões, a água de um rio ou um lago infiltra-se para lençóis freáticos de onde, através de poços, é extraída para uso de pessoas e animais ou para ser transportada de um corpo de água até Estações de Tratamento de Água. Se a água de tais corpos foi contaminada com substâncias tóxicas como ácidos (sulfúrico, clorídrico, nitratos), restos de solventes, pinturas, cultivos de bactérias e outras, derivadas de atividades industriais, agrícolas, pecuária, domésticas ou escolares, tal água já não é potável para os animais.
   

O lixo deteriora a água como habitat dos seres vivos.  

As águas de um corpo d’água contaminada com grande quantidade de matéria orgânica, como restos de alimentos humanos e animais (derivados de atividades domésticas, agrícolas e pecuária) propiciam o crescimento desequilibrado de algas. Estas, ao morrer, apodrecem e permitem a proliferação de bactérias que consomem o oxigênio disponível na água. Os peixes e outros organismos aquáticos morrem por falta de oxigênio suficiente. Desta maneira, organismos aquáticos morrem envenenados quando a água em que vivem se encontra contaminada por substâncias tóxicas como ácidos, sais de restos de solventes, pinturas, detergentes etc, estes provenientes de atividades industriais, domésticas e escolares.
   

Os dejetos industriais afetam a água.  

Calcula-se que são produzidos diariamente milhares de toneladas diárias de dejetos industriais, dos quais 14.500 têm características perigosas, sendo geradas por processos petroquímicos e químicos. Alguns exemplos de resíduos perigosos produzidos pela industria são aqueles que contêm: chumbo, cádmio,mercúrio, arsênico, cromo, benzeno, fenol, prata, pesticida (DDT, “clordano, heptacloro, linano” etc) e muitos outros mais.






Drogas e químicos poluem cursos d’água nos EE.UU.*

Por Cat Lazaroff

WASHINGTON, DC, Março 13, 2002 (ENS) – Cursos d’água nos Estados Unidos estão contaminados com antibióticos, hormônios, cafeína, anestésicos e outras drogas: descobriu o primeiro estudo de nível nacional sobre poluição farmacêutica nos rios e córregos da nação. Apesar de o relatório ter sido idealizado como uma linha básica para pesquisas futuras, cortes de orçamento podem ameaçar o futuro desses estudos.

A pesquisa, realizada pelo U.S. Geological Survey (USGS) revelou uma lista de compostos incluindo os de alívio de dores “acetaminophen” e "ibuprofen”, prescritos para desordens cardíacas e hipertensão, e homônios sexuais femininos usados em pílulas de controle de natalidade e terapia de restauração hormonal.  Apesar de a concentrações da maioria desses compostos ser baixa, tipicamente muito menos do uma parte por bilhão, pesquisas anteriores mostraram que a exposição a níveis, mesmo muito mais baixos do que os registrados nessa pesquisa, podem causar danos a espécies aquáticas. Efeitos sobre seres humanos, se existem, ainda não foram determinados.

“Pouco se sabe sobre a ocorrência ambiental de muitos químicos que usamos para manter e melhorar nossa qualidade de vida cotidiana”, diz Dr. Robert Hirsch, diretor associado da USGS para água. “Esse estudo inicia um processo de exploração da ocorrência desses químicos nos cursos d’água de nossa nação. As novas técnicas de medições desses químicos serão muito úteis para os muitos pesquisadores que estudam o movimento de contaminantes, impactos no ecossistema e efeitos na saúde humana.”

A pesquisa de levantamento nacional selecionou 95 contaminantes orgânicos de águas usadas e inclui amostras coletadas em 139 cursos d’água localidados em 30 estados durante 1999-2000.

Os 95 químicos foram escolhidos com base em estimativas sobre a quantidade usada, toxidade, atividade hormonal potencial, suspeitas de persistência no ambiente natural e a disponibilidade de padrões de referência e métodos analíticos, disse a hidrologista PhD da USGS Dana Kolpin, que lidera o estudo nacional.

O estudo da USGS sugere que os químicos usados em residências, agricultura e indústria podem entrar no ambiente natural através de uma variedade de fontes de esgoto, de acordo com Kolpin. Esses compostos incluem drogas humanas e veterinárias, inclusive antibióticos, hormônios naturais e sintetizados, detergentes, plastificantes, inseticidas e  retardadores de fogo.
   

Os compostos detectados mais frequentemente são:

“coprostanol”, um esteróide encontrado em fezes de animais;
colesterol, um esteróides animais e vegetais;
N-N-diethyltoluamide (DEET), um repelente de insetos;
Cafeína, um estimulante;
“cotinine”, um produto que reage com nicotina;
“triclosan”, um desinfetante anti-microbial, ingrediente ativo em sabões e detergentes anti-bactericidas;
“tri (2-chloroethyl) phosphate”, um retardador de fogo;
“4-nonylphenol”, um produto que reage com detergentes.
   

“De modo geral, esteróides, drogras não prescritas e um químico encontrado em repelentes de insetos foram os grupos químicos mais frequentemente detectados”, diz Kolpin. “”Metabolites” de detergentes, esteróides e plastificantes foram geralmente medidos em concentrações mais altas do que os outros químicos, mas concentrações medidas nesse estudo geralmente são muito baixas – menos do que uma parte por bilhão”.

Dos 95 compostos selecionados, os pesquisadores encontraram 82 deles juntos em um único curso d’água. Em 35% dos cursos d’Água testados, os pesquisadores encontraram 10 ou mais compostos, e em um caso, 38 químicos estavam presentes em uma única amostra de água.   Os cientistas esperavam descobrir a maioria dos compostos, mas a prevalência de misturas foi um pouco surpreendente, disse Kolpin.

Já que essa foi a primeira tentativa de pesquisar a maioria desses compostos, os pesquisadores tentaram selecionar córregos com mais probabilidades de encontrar contaminantes. A maioria deles está a jusante de estações de tratamento de esgoto ou intensas atividades pecuárias. Apenas alguns deles estão em áreas menos desenvolvidas, mais preservadas.

O estudo de reconhecimento pretende estabelecer uma linha básica para pesquisas futuras para examinar questões tais como: até que ponto em um curso d’água, águas abaixo a partir das fontes,  os poluentes podem ser encontrados, ou como as concentrações desses químicos variam com o clima, uso do solo, médias de fluxos d’água ou características de descarga e métodos de tratamento.

Para a maioria dos químicos selecionados– 81 a 95 – padrões de água potável, não existem recomendações sobre saúde humana ou critérios de proteção de vida aquática. Concentrações medidas dos compostos que, sim, possuem algum desses padrões, raramente os excederam.

Quando a toxidade é levada em conta, as concetrações medidas de hormônios reprodutivos devem ter implicações para a saúde de organismos aquáticos, de acordo com Kolpin e seus colegas.  Entretanto, informação limitada está disponível sobre o potencial efeito sobre a saúde humana e ecossistemas aquáticos de exposições de baixo nível, a longo prazo ou exposição de combinações desses químicos. Por exemplo, os pesquisadores encontraram contaminação de 14 antibióticos usados em medicina humana e animal. “Esse é um dado importante”, disse Dr. Tamar Barlam, um especialista em doenças infecciosas, no Center for Science in the Public Interest. “Sabemos que bactérias têm mais probabilidade de se tornarem resistentes a drogas à medida que convivem com antibióticos. O próximo passo é ver se há uma conexão entre contaminação de nossas águas e a resistência antibiótica infecciosa nas pessoas.”

Alguns dos antibióticos aplicados em animais de áreas rurais são expelidos nas fezes ou urina e podem alcançar os cursos d’água através de vazamentos de lagos de tratamento ou quando os dejetos são espalhados em lavouras agrícolas.  “O estudo da USGS mostra que muitos antibióticos estão se movendo através do ambiente natural de maneiras que não eram consideradas anteriormente”, notou Dr. Mardi Mellon, pesquisador senior da Union of Concerned Scientists (UCS).

Os pesquisadores da USGS sugerem que seu estudo, patrocinado pelo USGS Toxic Substances Hydrology Program, seja guia de futuras pesquisas nessa área. Entretanto, a administração Bush propôs cortes orçamentários para 2003 nesse programa – o único desse tipo na nação. “A continuidade deste programa é crítica para a saúde pública, mas o orçamento proposto pelo Presidente o eliminará”, diz Rebecca Goldburg, PhD, pesquisadora senior no grupo de conservação de Defesa Ambiental. “A USGS agora tem uma combinação de especialistas e experiências conduzindo esse tipo de estudo que não pode ser encontrado em outro lugar. Se os fundos são cortados, a habilidade singular da USGS em realizar esses importantes estudos, ficará perdida”.

O estudo, “Contaminantes farmacêuticos, hormônicos e outros dejetos orgânicos nos cursos d’água dos Estados Unidos, 1999-2000: um levantamento nacional”, aparece na edição da Internet do jornal "Environmental Science & Technology" publicado pela American Chemical Society no: <http://pubs.acs.org/journals/esthag/index.html

O estudo está disponível no <http://toxics.usgs.gov/regional/emc.html

* Tradução: Maria do Carmo Zinato - <mariacz@ces.fau.edu>
Rio Tietê cheio, depois de uma grande chuva: em São Paulo,
rio deixou de ser símbolo de vida para se tornar perigo de enchentes e doenças. 
Foto: Paulo Liebert/AE

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