segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Como funcionam as teorias da conspiração

Você é daqueles que adora teorias da conspiração?
Algumas pes­soas simplesmente perdem a paciência, mas para outras elas são simplesmente fascinantes. Elas gostam de explorar todas as possibilidades que uma teoria apresenta, da mesma forma que gostam de montar quebra-cabeças ou solucionar mistérios. Às vezes essas teorias são ridículas e não passam de entretenimento, mas há casos em que elas são críveis e fazem-nos pensar.
No século XXI, um evento reinou entre as teorias da conspiração: o ataque de 11 de setembro de 2001, nos EUA. Ele afetou de modo significativo todo o planeta. É quase inevitável o fato de as pessoas falarem em conspiração quando se deparam com um evento de tamanha proporção. E as teorias sobre o 11 de Setembro têm sido numerosas e consistentes.
O incêndio das torres gêmeas do World Trade Center
Foto AP/Chao Soi Cheong
Ataque ao World Trade Center em 2001: coluna de fumaça saindo de uma das torres e explosão e fragmentos na outra 
Toda a controvérsia em torno do 11 de setembro converge para uma única simples questão:
- Será que 19 terroristas causaram toda aquela destruição ou foi conspiração de um grupo de pessoas no próprio governo norte-americano com interesses em ganhos políticos?
O governo dos EUA ofereceu a teoria do ataque terrorista, e é nessa história que muitos acreditam. Outras pessoas, no entanto, recusam-se a acreditar nesta "história oficial". Elas acreditam na teoria que afirma que o governo, de fato, arquitetou e executou o ataque.
Pode-se passar um bom tempo discutindo sobre qual dos lados é o verdadeiro, mas ao invés disso, daremos ênfase ao processo. Não é fascinante que possa haver duas explicações críveis para esse evento tão complexo e que ambas as explicações possam ser diametralmente opostas?
Como se inicia uma teoria da conspiração como essa? O que é necessário para dar vazão a um debate público tão controverso? Como a teoria poderá ser comprovada? Qual é a possibilidade dessa teoria dizer algo acerca da sociedade norte-americana? Esse artigo levantará essas e outras questões ao abordar os eventos de 11 de setembro.
Fundamentos da teoria da conspiração 
Capa do filme JFK
Imagem cedida pela Amazon
O filme "JFK", de Oliver Stone, aborda uma versão controversa sobre os eventos envolvendo o assassinato de John F. Kennedy
O dicionário define teoria da conspiração da seguinte forma:
    "Teoria que busca explicar uma polêmica como uma trama de um grupo secreto e não como um ato individual isolado". [referência (em inglês)]
Um teórico da conspiração é alguém que formula tal teoria.
Há um certo tom negativo por de trás do termo "teoria da conspiração" na sociedade contemporânea. Os críticos enfatizam que elas costumam conter certos aspectos que diminuem a sua credibilidade. Nesse artigo, no entanto, usaremos o termo "teoria da conspiração" de modo neutro. Vamos encará-la como uma explicação alternativa para um evento, conforme é definido no dicionário.
Na era moderna, houve um grande número de "teorias da conspiração". Um exemplo é o do assassinato de John F. Kennedy. Após o homicídio, o governo forneceu algumas explicações para o acontecimento, mas um grande número de pessoas simplesmente não acreditou nelas. Essa teoria, em especial, foi inserida de modo tão poderoso na consciência coletiva que levou Hollywood a realizar um filme: "JFK" (em inglês), dirigido por Oliver Stone e lançado em 1991.
O assassinato de Kennedy foi realmente o estopim para o movimento contemporâneo sobre a "teoria da conspiração". A explicação oficial do governo sobre o crime é ridicularizada pela maioria dos cidadãos. Muitos acreditam que o assassinato de Kennedy foi parte de uma conspiração maior em torno do governo e não um evento aleatório planejado por um franco-atirador solitário.
Do mesmo modo, um grande número de pessoas não acredita que os "terroristas" executaram os ataques de 11 de setembro, mas que o governo foi o responsável por eles.
A seguir, veremos como as teorias se iniciam.
Mais sobre o assassinato de Kennedy

Como têm início as teorias da conspiração

Os eventos ocorridos em 11 de setembro de 2001 ainda são lembrados. Zacarias Moussaoui foi condenado por ter participado do planejamento do ataque. Em seu julgamento, um grande número de pessoas relatou os horrores vividos naquele dia. O governo também reproduziu publicamente as gravações da caixa-preta do vôo 93 pela primeira vez. Além disso, o filme"Vôo 93" (em inglês) gerou grande publicidade em torno do assunto. Todos esses eventos confirmaram a "história oficial" de que os terroristas seqüestraram quatro aeronaves e colidiram três delas contra alvos diferentes e os passageiros do quarto vôo fizeram um pouso forçado antes que uma catástrofe maior ocorresse.
Dado o poder da história oficial, a quantidade de evidências a seu favor e o fato de que ela sobreviveu por cinco anos sem qualquer contestação pública aparente, como uma teoria da conspiração sobre o 11 de setembro realmente teve início?
Uma aeronave realizou uma trajetória retilínea se chocando a uma das Torres do WTC
Foto AP/Carmen Taylor
Aeronave chocando-se frontalmente a uma das Torres do WTC, na terça-feira de 11 de setembro de 2001 
Para entender como ela teve início, é preciso lembrar os eventos mais importantes de 11 de setembro. A maioria das pessoas está familiarizada com essa história porque ela se repetiu na mídia milhares de vezes e muitas pessoas vivenciaram os fatos enquanto eles aconteciam. Esse é um cronograma dos eventos acontecidos:
  • na manhã de 11 de setembro de 2001, 19 terroristas de origem islâmica embarcaram em quatro vôos domésticos nos Estados Unidos;
  • 7:59 - o vôo 11 da American Airlines decola do Aeroporto de Logan em Boston;
  • 8:14 - o vôo 175 da United Airlines também decola do Aeroporto de Logan em Boston;
  • 8:20 - o vôo 77 da American Airlines decola do Aeroporto de Dulles em Washington;
  • 8:40 - o vôo 93 da United Airlines decola do Aeroporto de Newark em Nova Jérsei;
  • 8:45 - o vôo 11 atinge a Torre Norte do WTC;
  • 9:03 - o vôo 175 atinge a Torre Sul do WTC;
  • 9:25 - a FAA - organização governamental americana que supervisiona e regula o tráfego aéreo - exige uma "aterrissagem geral" para todas as aeronaves nos Estados Unidos. Nenhum avião poderá decolar e todas as aeronaves deverão pousar;
  • 9:30 - o Presidente Bush faz um discurso à nação e relata os eventos como "ataques aparentemente de terroristas";
  • 9:43 - o vôo 77 atinge o Pentágono;
  • 10:05 - a Torre Sul desaba;
  • 10:10 - o vôo 93 cai na Pensilvânia;
  • 10:10 - o muro do Pentágono desaba;
  • 10:28 - a Torre Norte desaba;
  • 17:20 - o Edifício 7 do WTC desaba;
  • 20:30 - o Presidente Bush faz um discurso à nação culpando os terroristas pelos ataques.
Todos os fatos registrados nessa relação realmente ocorreram, e em sua maioria foram transmitidos ao vivo.
A "história oficial" oferece uma explicação para esses eventos e tudo faz sentido sob uma perspectiva. Às 9:30, um vídeo da segunda aeronave que sobrevoava a Torre Sul já havia circulado. Naquele dia, cada fonte de notícias tinha as suas câmeras posicionadas na Torre Norte e cobriam os eventos no local, de forma que o choque com a Torre Sul foi filmado de ângulos distintos e transmitidos em tempo real. Quando o presidente qualificou o evento como aparente ataque terrorista às 9:30, a notícia fez sentido. Afinal, terroristas são aquelas pessoas que seqüestram aeronaves. Às 20:30, muitas evidências foram publicadas para sustentar a história sobre o terrorismo. Os comissários de vôo e os passageiros utilizaram fones de ouvido e celulares para fazer ligações de vários aviões. Os pilotos nos aviões também dispararam os alarmes e conectaram os microfones das cabines de piloto, assim as pessoas em terra poderiam ouvir o que estava acontecendo.
Mais evidências foram publicadas nos dias seguintes, então ficou claro o que aconteceu: 19 terroristas seqüestraram quatro aeronaves e causaram a destruição.
Esse é um relato muito direto da história. Vários aviões foram seqüestrados no passado, por isso é muito fácil imaginar um ataque à quatro aeronaves coordenados de uma vez. A idéia de usar aeronaves de grande porte comobombas voadoras foi inovadora e engenhosa, mas dentro das possibilidades da situação.
Dessa forma, para dar início a uma teoria da conspiração, deve haver um fato sem uma explicação satisfatória. Em algumas teorias, os aspectos são muito sutis. Mas no caso do 11 de setembro, há quatro ocorrências que não fazem muito sentido na história oficial. 
  • Três arranhas-céus desabaram - nunca um arranha-céus havia desabado devido a um incêndio. Quando as Torres Norte e Sul desabaram, deve ter soado crível, pois aeronaves de grande porte se chocaram contra elas. Mas quando o WTC 7 desabou, causou estranheza.
  • O modo como o presidente e seus negociadores reagiram quando o segundo avião se chocou contra a Torre Sul, que foi estranho. Quando o primeiro avião se chocou contra a Torre Norte, o comportamento da equipe presidencial é perdoável, porque talvez ninguém tivesse ciência do ocorrido. Todavia, quando o segundo avião se chocou, todos tinham conhecimento do ocorrido, e portanto o modo como o presidente e seus negociadores agiram foi estranho.
    O Pentágono
    Imagem: cortesia do Departmento de Defesa dos EUA/Primeiro Sargento Ken Hammond, Força Aérea Norte-Americana
    O Pentágono antes do ataque
  • O Pentágono corria risco de ser atingido por um avião de carreira. Pelo que parece, tal fato parecia completamente impossível. O Pentágono é o nervo central da maior e mais sofisticada organização militar que o mundo já conheceu. Dessa forma, é sensato pensar que existe um sistema defensivo a postos, tornando o conjunto de edifícios invulnerável. Certamente edificações como o Pentágono estariam protegidas por mísseis antiaéreos, não é mesmo? O ataque sobre o Pentágono aconteceu 58 minutos após o primeiro avião colidir contra a Torre Norte, o que seria tempo suficiente para rastrear os jatos e proteger Washington, mesmo que não houvesse mísseis em terra.
  • Nenhum dos quatro aviões seqüestrados foi abatido por caças, embora esse tipo de intercepção seja comum. Isso é estranho, especialmente no caso do Pentágono. O jato de Payne Steward Lear saiu de curso em 1999. Logo em seguida, mais de 10 aviões o interceptaram, sendo que a primeira intercepção aconteceu 20 minutos após os controladores de vôo terem tomado ciência do problema. [ref (em inglês)]. Então, porque não houve uma resposta imediata aos quatro aviões seqüestrados?
Não se trata de uma resposta simples: são questões muito abrangentes. Um teórico da conspiração (com olhar crítico) poderá observar várias anomalias e perceber um ou mais aspectos que "não fazem sentido" na história oficial. Qualquer uma dessas discrepâncias será suficiente para chamar a atenção de alguém.
A seguir, veremos como os teóricos da conspiração reúnem evidências e constroem outras explicações.

Construindo uma teoria

Existe algo muito interessante com relação à teoria da conspiração. Ela deve ter início a partir de uma discrepância, mas em um certo ponto, os teóricos deverão explicar todos os acontecimentos de maneira crível. Caso o teórico não possa fazê-lo, a teoria não se sustentará e ninguém acreditará nela. Assim, ele deverá se esforçar para reunir evidências e buscar explicações alternativas.
Vamos ver como isso poderá funcionar: suponha que um teórico observe a queda da Torre 7 do WTC. Ele observa que o edifício não implodiu ou desabou parcialmente, mas foi completamente demolido. Dessa forma, ele levanta a hipótese de que a queda da Torre 7 do WTC foi uma demolição planejada e não uma casualidade, que seria a queda natural do edifício. A primeira coisa a ser feita por ele é comprovar que o que aconteceu à Torre 7 do WTC poderia ser considerado uma demolição. Como ele poderia fazer tal afirmação? Ele deve ter levado em consideração fatos como:
  1. nenhum arranha-céu desabou antes devido a incêndios. A Torre 7 do WTC não foi atingida por um avião, e embora tenha queimado quando desabava, o incêndio não estava "fora de controle" nem havia se alastrado. Portanto, o desabamento do edifício foi incomum;
  2. ao analisar os vídeos do desabamento, percebemos que o edifício desaba uniformemente, como no caso de uma demolição. Veja os vídeosdesta página (em inglês) para três exemplos. Se o desabamento da Torre 7 do WTC foi um desabamento natural, é pouco provável que o desabamento tivesse ocorrido de maneira tão uniforme;
    Torre 7 do WTC
    Foto AP/Ryan Remiorz, Pool
    Bombeiros tentam controlar as brasas remanescentes da Torre 7 do World Trade Center na terça-feira, dia 18 de setembro de 2001 
  3. parece impossível que no dia 11 de setembro, dada toda a turbulência e destruição, a cidade de Nova York percebesse que a Torre 7 do WTC estava tendo problemas e contratasse uma equipe de demolição, obtivesse todos os explosivos, transportasse a equipe e os explosivos para o local e então implantasse os explosivos no edifício para realizar uma demolição não planejada.
Em outras palavras, o teórico de conspiração conclui, ao analisar as evidências, que era impossível a Torre 7 ter desabado naturalmente assim como ter sido demolida. Com isso é fácil concluir que semanas antes do 11 de setembro uma equipe implantou explosivos na Torre 7 do WTC.
Ao concluir isso, ele deverá explicar tudo o que ocorreu em 11 de setembro. Se a demolição da Torre 7 do WTC tenha sido planejada, então todos os acontecimentos de 11 de setembro foram pré-planejados. Isso teria grande impacto sobre cada parte da "história oficial". Por exemplo:
  • não havia terroristas e, se houve, suas ações foram coordenadas pelo governo e não pela Al Queda;
  • os terroristas não pilotaram aviões espontaneamente em direção aos edifícios, o governo sim;
  • as Torres Norte e Sul também foram equipadas com explosivos anteriormente, assim como a Torre 7 do WTC, e os desabamentos foram eventos planejados que mataram milhares de pessoas inocentes;
  • o choque com o Pentágono também foi planejado. Um míssil atingiu o Pentágono, ao invés de uma aeronave;
  • a história do vôo 93 nunca aconteceu como descrito na versão oficial. Ela também pode ter sido planejada ou o Pentágono pode ter sido atingido por um míssil.
Essa história de conspiração difere radicalmente da história oficial. Mas ela é crível?
Se a intenção é recapitular a revolta que a história pode provocar, não será difícil acreditar na nova versão. Equipar secretamente três edifícios com explosivos para a demolição não é algo difícil de se imaginar. O governo tem conhecimento de equipes treinadas para realizar esses trabalhos, como a SEALS (Tropa de Elite da Marinha), por exemplo, e seria lógico supor a existência de equipes secretas. É fácil presumir que o governo tomaria a liderança ou substituiria os aviões que se chocaram contra as Torres Norte e Sul. Também é possível imaginar um míssil lançado contra o Pentágono e o atingindo exatamente como aconteceu.
Nesse ponto, o teórico deve construir uma "teoria da conspiração" para explicar o que aconteceu no dia 11 de setembro e comprovar que ela pode realmente ter acontecido. Além disso, será útil se a história de conspiração for mais crível do que a história oficial.
Criando a teoria
Para criar uma teoria da conspiração completa, o teórico deve criar um conjunto de elementos que explique todos os eventos ocorridos, buscando evidências que suportem os elementos da história. Eis um exemplo de como esse processo pode funcionar. O desabamento do World Trade Center será utilizado como demonstração.
De acordo com a história oficial, tanto a Torre Norte como a Torre Sul desabaram espontaneamente porque o calor dos incêndios consumiu milhares de litros de combustível dos aviões. Os incêndios enfraqueceram a estrutura metálica dos edifícios, que curvaram e desabaram. Os edifícios desabaram andar por andar até o térreo.
Um teórico deverá apresentar evidências para uma história alternativa. Nesse caso, apresentar evidências de que realmente ocorreu uma demolição controlada, da seguinte maneira:
  • o combustível dos aviões não seria suficiente para fundir aço nem outros materiais encontrados nas torres. Seria necessário um elemento químico como o termite para provocar esse efeito (assista a esse vídeo (em inglês) para ver uma demonstração de como o termite se comporta). Mas há evidências em vídeo sobre metais fundidos saindo dos edifícios antes do desabamento:
    Reação termite
    Imagem autorizada sob licença da Creative Commons Attribution ShareAlike 2.5 
    Essa reação termite fundiu uma panela de ferro fundido
  • há provas audíveis (em inglês) de explosões de demolição;
  • há provas visíveis (em inglês) de explosões ocorridas nas torres quando elas desabaram;
  • há também prova direta (em inglês) de que a demolição foi planejada:
    "Eu me lembro de ter recebido uma ligação do comandante do corpo de bombeiros, dizendo que ele não sabia se eles poderiam conter os incêndios e eu disse: 'Tivemos tamanha perda de vida humana que a decisão mais acertada seria derrubar o prédio todo'. E tomaram a decisão de derrubá-lo e vimos o prédio desabar".
    Larry Silversteincontrolador da Torre 7, em entrevista reproduzida no documentário da PBS "America Rebuilds"
Os teóricos começam a reunir evidências desse tipo para criar uma teoria para essa parte da história. Nesse caso, a teoria é que as torres do WTC e a Torre 7 foram demolidas e não desabaram devido a falhas estruturais. O teórico pode transmitir esse pequeno trecho da "teoria da conspiração" na esperança de obter mais informações e certamente receber um retorno. Aqui estão alguns exemplos:O mesmo processo deverá ocorrer em todas as partes da história, criando uma completa explicação alternativa para os acontecimentos do dia 11 de setembro:
  • De onde vieram os aviões que atingiram as torres? Tratavam-se de passageiros comuns ou outro tipo de tripulantes?
  • Caso não fossem terroristas pilotando aqueles aviões, então quem ou o quê os pilotava?
  • O que aconteceu aos passageiros? Eles realmente existiram, foram assassinados pelo governo ou uma mistura das duas coisas?
  • Quem implantou as cargas explosivas? Quando? Como?
Para todas essas questões, o teórico precisa encontrar evidências e conectá-las. A seguir veremos como os teóricos comprovam e promovem suas teorias.

estando uma teoria

Após muitas pesquisas, o teórico surge com uma teoria completa sobre os acontecimentos do dia 11 de setembro. É importante analisar:  tudo isso faz sentido? É plausível? Existe um meio, uma razão e uma oportunidade disponível em cada estágio de observação? Há evidências suficientes para dar suporte à teoria?
Mais importante ainda, a teoria da conspiração explica o que ocorreu de fato? Existem mais ou menos fatos esclarecidos ao compará-la à história oficial? No caso do 11 de setembro, a teoria da conspiração explica as seguintes anomalias:
  1. o fato de que as Torres Norte e Sul desabaram por completo e de forma idêntica;
  2. o fato de que a Torre Sul desabou antes da Torre Norte, mesmo sabendo que a Torre Norte foi atingida antes e que a Torre Sul foi atingida de modo oblíquo e não de forma direta;
  3. o fato de que a Torre 7 do WTC desabou por inteiro, não tendo sido atingido por nenuma aeronave e o modo como ela desabou;
  4. a citação de Larry Silverstein sobre a demolição;
  5. por que o governo se empenhou tanto na limpeza e na remoção de fragmentos de aço para reciclagem, ao invés de deixar equipes independentes conduzirem a investigação sobre o desabamento.
  6. por que o Pentágono foi atingido na parte do prédio que estava em reforma.
    O Pentágono após os ataques
    Imagem cedida pelo Departmento de Defesa/ Sargento Téc. Cedric H. Rudisill
    Os agentes do FBI, os bombeiros, as equipes de salvamento e os engenheiros trabalhando em 14 de setembro de 2001, nos escombros do Pentágono
  7. o fato de que o rastro de destruição deixado fora do Pentágono, no muro externo e na estrutura interna não correspondem às marcas usuais deixadas por um Boeing 747;
  8. todo o sigilo e a singularidade sobre a parte atingida do Pentágono, ao invés da abertura do local para as investigações do choque aéreo;
  9. o fato de que o Pentágono, que é o complexo de edifícios mais protegidos na cidade mais segura do mundo, foi alvo de ataque;
  10. outros incidentes estranhos: os jogos de guerra ocorridos no Pentágono, a ausência de interceptação por meio de caças, o comportamento do presidente Bush na manhã dos ataques, a localização de Warren Buffett e outros investidores de grande porte no dia dos ataques etc.
Em outras palavras, a teoria da conspiração explica um grande número de fatos que permaneceram misteriosos na história oficial.
O que está faltando, é óbvio, é uma prova incontestável . É por isso que se trata de uma teoria da conspiração e não da realidade. Na ausência de uma prova incontestável, como uma notícia que vazou, um agente delator que realmente tenha participado do caso, uma evidência direta de um dos locais do acidente, etc., fica muito difícil comprovar uma teoria da conspiração. O fato de que muitas das evidências foram rapidamente destruídas dificulta a comprovação da teoria..
Promoção
Documentários com teorias da conspiração
sobre o 11 de setembro
P.S.: em inglês e não legendados.
A próxima etapa é divulgar a teoria. Esse processo foi simplificado pela internet, mas ainda assim é difícil porque os teóricos da conspiração são oposicionistas. Há quatro maneiras se disseminar a doutrina:
  • livros são a maneira tradicional; vários já foram escritos sobre o tema;
  • sites são talvez a forma mais fácil; há muitos com discussões sobre a conspiração de 11/9;
  • documentários e os vídeos;
  • entrevistas no rádio, na TV, nos jornaise nas revistas ajudam a promover os livros, os sites e os filmes.
Recentemente, a tentativa mais impressionante de divulgar foi o lançamento do documentário chamado "Loose Change", 2ª edição" (em inglês) em vídeo no Google (em inglês) e no YouTube (em inglês). O interessante a respeito deste documentário é que foi o primeiro a atingir milhões de pessoas através de canais de vídeo gratuitos. Estes canais da internet facilitam a difusão de teorias da conspiração.
É mais fácil os teóricos da conspiração unirem seus esforços. O "Movimento pela verdade sobre o 11 de Setembro" conseguiu unir os teóricos, fortalecendo-os.
Então, quando as teorias de conspiração ganharem força, um novo fenômeno acontecerá. As pessoas que acreditavam na história oficial vão querer desbancar os teóricos. Os desafiadores têm os mesmos instrumentos de coleta de evidências à sua disposição e oferecem alguma resistência às teorias de conspiração. Um dos exemplos mais proeminentes do fenômeno de ridicularização foi apresentado pela revista "Popular Mechanics" no artigo "9/11: derrubando mitos" (em inglês). Então os teóricos da conspiração reagiram às reações, como no caso do artigo "Ataque à verdade de 11/9" (em inglês), e uma grande discussão se desenvolveu. Essas discussões podem ser úteis aos teóricos da conspiração. O retorno exige que eles aprimorem suas teorias e o impacto desse argumento pode atrair atenção.
Será que essas teorias da conspiração sobre o 11/9 deixaram de ser teorias? Será que o Congresso reabrirá as investigações sobre o 11/9 devido à pressão pública?

O que é o cérebro extrassensorial?

Introdução a O que é o cérebro extrassensorial?

cérebro extrassensorial
© istockphoto.com /Eraxion
Nos anos 1980, a editora Time-Life ficou famosa pela série entitulada “Mistérios do Desconhecido” que tratou sobre a paranormalidade. Anúncios chamavam a atenção dos espectadores com: “A mãe sente uma forte dor em sua mão. No mesmo momento, mas bem longe dali, sua filha grita ao tocar uma panela quente. Coinciência?”. Aqueles que acreditam em atividade paranormal diriam que este cenário é um exemplo de percepção extrassensorial (PES), ou percepção que vai além dos nossos cinco sentidos. Os céticos chamariam isso de “armação”. Mas será que os céticos não estão sendo céticos demais? Há indícios de percepção extrassensorial dentro de nossoscérebros?

O termo “PES” foi primeiramente usado pelo botânico que mais tarde tornou-se parapsicólogo, Joseph Banks Rhine. Ele engloba três principais manifestações: a habilidade de ler mentes, a habilidade de prever o futuro e o conhecimento de um objeto remoto ou pessoa. No livro que publicou em 1934, “Percepção Extrassensorial”, Rhine escreveu que suas experiências na Universidade de Duke – onde estudantes foram capazes de predizer com precisão símbolos em cartas que eles não podiam ver – provou a existência de percepção extrassensorial [fonte: Spence]. No entanto, os céticos apontam o fato de que os cientistas demoraram muito para replicar os resultados de Rhine, levando muitos a acreditar que as experiências podem ter sofrido falhas de projeto [fonte: Kaku].

Nada disso, porém, impediu que os parapsicólogos continuassem tentando provar para a comunidade científica que a percepção extrassensorial realmente existe – na América eles não tiveram tanto trabalho, já que 3 de cada 4 pessoas acreditam em paranormalidade [fonte: Gallup]. Por exemplo, o Programa de Pesquisas de Anomalias de Engenharia da Universidade de Princeton conduziu uma experiência de longa duração na qual indivíduos tentaram usar suas mentes para influenciar máquinas, como geradores de números aleatórios. De acordo com o que foi publicado no site,  “ Nos mais de 27 anos de história do laboratório, milhares de experiências foram realizadas por centenas de operadores. Os efeitos observados são normalmente bem pequenos, mas eles são altamente significativos em se tratando de desvios estatísticos”. Neste caso, os resultados mostraram que o poder da mente pode influenciar a tecnologia, embora apenas ligeiramente.

Mas que parte do cérebro, se é que realmente existe, está correlacionada com habilidades extrassensoriais? Nós temos um cérebro extrassensorial? Os parapsicólogos tendem a pensar que o hemisfério direito do cérebro é a área mais associada às habilidades psíquicas. Isso pode ser em função de que os testes para PES são normalmente visuais, e o hemisfério direito é responsável por armazenar informações não verbais [fonte: Alexander]. 

Também pode ser porque o hemisfério direito é tradicionalmente conhecido como hemisfério “intuitivo”, enquanto que o hemisfério esquerdo é o “lógico”. Isso tudo é interessante, mas porque não obter mais respostas definitivas e realizar testes para comprovar a existência da percepção extrassensorial, enquanto se monitora a atividade do cérebro dos participantes? Em 2008, um grupo de estudantes da Universidade de Harvard se propôs a fazer exatamente isso.

No teste, cada participante foi colocado em um scanner de imagem deressonância magnética e foram mostradas duas fotografias; ao mesmo tempo foi mostrada uma das fotos ao seu amigo ou parente em outra sala e foi pedido para “enviar” a imagem ao participante. O participante tinha então que adivinhar qual das duas fotos estava sendo “enviada” [fontes: Goldberg;ScienceDaily.com]. No relatório publicado no Journal of Cognitive Neuroscience, Samuel Moulton, estudante de Psicologia de Harvard, explicou: “Se existe qualquer processo de percepção extrassensorial, então o cérebro dos participantes deve responder de forma diferente a estímulos de PES ou não”. Em outras palavras, o cérebro deveria responder de forma diferente às imagens que estavam sendo “enviadas” das imagens que não estavam sendo “enviadas”. Os resultados? De acordo com Moulton, os participantes não reagiram diferente às imagens. Os pesquisadores não encontraram evidências – pelo menos entre os participantes – de que a atividade de percepção extrassensorial existe no cérebro.

Por agora, parece que os mistérios do cérebro extrassensorial ainda permanecem trancados, se é que eles realmente estão lá.

domingo, 28 de novembro de 2010

10 versões nada infantis dos contos de fadas

Era uma vez uma garota que começou a se despir e jogar suas roupas na fogueira a pedido de um lobo peludo que fingia ser sua vovozinha... Pode parecer, mas isso não é uma versão pornô da história de Chapeuzinho Vermelho. A cena descrita faz parte de uma dentre as 35 versões existentes na cultura popular ao redor do mundo para essa historinha, antes dela ser consagrada como um conto de fadas nos textos dos alemães Jacob e Wilhelm Grimm, no século 19. Narrativas populares como Chapeuzinho Vermelho foram durante séculos transmitidas oralmente de geração para geração e muitas delas eram similares mesmo surgindo em culturas distantes. Mas, nem sempre eram para crianças e raramente tinham finais felizes.

Muitas das narrativas que deram origem aos mais populares contos de fadas surgiram entre o século 6 antes de Cristo e a Idade Média, mas há indícios de que algumas delas podem ser mais antigas ainda. Eram histórias inventadas normalmente para dar dicas de sobrevivência de uma geração para outra e espalharam-se pelo planeta graças ao deslocamento das pessoas e também às rotas comerciais. Na moral de cada historinha estava a ideia de prevenir adultos e crianças sobre ameaças e violências do mundo ao redor. Para fazer isso, elas não economizavam nas cenas sangrentas ou nos personagens cruéis. Nas próximas páginas, conheça dez versões nada infantis de alguns dos mais famosos contos de fadas.

O Flautista de Hamelim

Contos de fadas
© iStockphoto.com/Teefa
Um flautista contratado para livrar o povoado de Hamelin de uma infestação de ratos cumpre sua parte do acordo, atraindo com a música que sai de seu instrumento mágico os roedores para fora da cidade. Na hora de receber o pagamento, ele leva um calote. Na versão "conto de fadas", sua vingança é usar a flauta mágica para atrair todas as crianças para uma caverna e prendê-las lá até que receba o que lhe prometeram. Após o pagamento, ele as liberta. Mas na versão original, que surgiu provavelmente na Idade Média, nos territórios que formariam a Alemanha, o final não é nada feliz. Após levar o calote, o flautista atrai as crianças para um rio onde elas morrem afogadas. Há várias teorias sobre o que o flautista de Hamelin simbolizaria nas narrativas orais antes de virar uma história para crianças. Para alguns, ele seria a representação de um serial killer, para outros uma metáfora para as epidemias que dizimavam populações, como a peste, e para muitos remetia ao processo de migração para colonizar outras regiões da Europa.

A Bela Adormecida

Contos de fadas
© iStockphoto.com/Jcrosemann
Nem príncipe, nem beijos para despertá-la. A Bela Adormecida foi, na verdade, violentada pelo rei enquanto dormia e engravidou de gêmeos. Após o nascimento, um deles chupa acidentalmente o dedo da mãe, pensando ser seu seio, e retira a farpa enfeitiçada que havia provocado o coma em que ela estava. O nome da dorminhoca era Tália e ela havia sido abandonada pelo pai numa cabana na floresta, após cair naquele sono que parecia eterno. Para apimentar ainda mais a história, depois de desperta, Tália acabou virando amante do rei. Nada infantil, esta versão foi posta no papel pelo escritor italiano Giambattista Basile no século 17. Apenas alguns anos depois de Basile, o francês Charles Perrault colocou um pouco mais de terror na história. Assim como o italiano, Perrault foi um dos primeiros  a coletar e transcrever as narrativas orais que eram tradicionais entre as populações européias. No caso da Bela Adormecida, Perrault fez da mãe do rei um mostrengo comedor de crianças sedento por jantar os netinhos, mas que acaba se dando mal. 
Contos de fadas
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Os Três Porquinhos

canibalismo, assim como a violência sexual, davam o tom em muitas das narrativas que virariam os contos de fadas modernos. Na história dos Três Porquinhos, o terceiro porco, aquele que construiu a casa de tijolos que o lobo não consegue derrubar com seu sopro, é o que se dá bem em todas as versões. Na narrativa oral original, ele não se importava nem de comer os próprios irmãos. Nela, a esperteza e a resistência do terceiro porco em cair em tentações que prometem recompensas imediatas, mas comprometem o futuro, é enfatizada com detalhes de crueldade e canibalismo. O lobo devora os dois primeiros porquinhos assim que consegue destruir suas casas. Ao tentar entrar na residência de alvenaria do terceiro, usando a chaminé, ele acaba morto ao cair numa armadilha com um caldeirão de água fervente que o esperava no final da descida. O terceiro porquinho então prepara e devora, sem dó nem piedade, o lobo que levava seus dois irmãos no estômago.

A Princesa e o Sapo

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Se a Bela Adormecida foi estuprada em vez de ganhar um beijo, o príncipe que virou sapo também passou por apuros. Enquanto a versão infantil mais recente conta que ele ganhou um beijo da princesa para quebrar o feitiço, a primeira versão coletada e transcrita pelos irmãos Grimm mostra que ele só voltou a ser príncipe após a princesa, cansada de ver aquele ser repugnante por perto, atirá-lo com força contra a parede. Naqueles tempos, os irmãos Grimm provavelmente não imaginavam que jogar um batráquio na parede seria no futuro considerado inapropriado para uma historinha infantil. Na narrativa imortalizada por eles, tudo começa quando a princesa perde um de seus brinquedos e encontra um sapo falante que promete ajudá-la. Após achar a bola da princesa, o sapo vai morar com ela. Mimada e irada, ela não pensa duas vezes em lançá-lo contra a parede em um dia de fúria. Violência que parece ter valido a pena ao devolver-lhe a condição de príncipe.

Branca de Neve

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Um espelho mágico que elege a mais bela do reino é o que causa toda a desgraça em Branca de Neve em qualquer versão. Nas primeiras narrativas, a rainha é na verdade a mãe de Branca de Neve e a garotinha tinha apenas sete anos quando o espelho revelou para sua invejosa mãe que a menininha era a mais bonita do pedaço. Raivosa, ela ordena ao caçador que lhe traga o fígado e os pulmões da filha, para que ela pratique seu ritual de canibalismo. Os irmãos Grimm deram uma boa amenizada nessa versão, mas não pouparam a rainha má de um ritual de tortura de fazer inveja aos mais cruéis métodos da Santa Inquisição. Enquanto Branca de Neve casa-se com o príncipe, a rainha é obrigada a dançar usando sapatos de ferro em brasa até morrer.

A Bela e a Fera

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O tema e a moral são basicamente os mesmos em todas as quase 200 versões desta narrativa popular que, segundo historiadores, pode ter suas origens no início da era cristã. As primeiras passagens da história de "A Bela e a Fera" da forma oral para a escrita foram feitas pelo italiano Gianfranceso Straparola e pelos franceses Charles Perrault e Gabrielle-Suzanne Barbot de Gallon de Villeneuve, entre os séculos 16 e 18. Dentre as versões que vieram da tradição oral, uma delas retrata a Fera como um monstro em forma de serpente. Na verdade, sua aparência é o resultado de uma maldição que será quebrada graças ao amor da Bela. Quando isso acontece, a Fera volta a ser um príncipe. E é nessa condição que ele faz um das mais polêmicas confissões em um conto de fadas: a de que ele ganhou a aparência de serpente como uma maldição por ter seduzido uma órfã. Pedófilo confesso, ele foi perdoado e aceito pela pura e virginal Bela.

João e Maria

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Nem sempre o amor de mãe pelos filhos foi incondicional. Que o digam João e Maria. Nas versões da tradição oral, a via crucis das duas crianças não começa porque eles se perderam sozinhos na floresta. Sem ter o que comer em casa, são os pais deles que decidem abandoná-los por lá. Mas os dois espertinhos tinham ouvido a tramóia familiar e deixaram marcas no caminho para voltar ao lar. Já na parte em que eles encontram-se pestes a virar comida da bruxa ou do demônio, dependendo da versão, os dois enganam o anfitrião jogando-o no caldeirão ou cortando sua cabeça. Antes de escaparem, no entanto, eles não deixam de saquear a casa levando guloseimas para saciar a fome de toda a família. 

A Pequena Sereia

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Uma historinha cheia de mutilações, traição e tragédias. Essa é a atmosfera da narrativa escrita pelo dinamarquês Hans Christian Andersen no século 19 e que virou um dos clássicos dos contos de fadas em versões amenizadas, como a da Disney. Na história original, há sangue para todos os lados. A pequena sereia chamada Ariel deseja se tornar humana para poder conquistar o príncipe por quem se apaixonou. Na sua sina, teve a língua cortada pela Bruxa do Mar e tentou transformar sua cauda em duas pernas, mas a cada tentativa de andar como uma humana elas doíam e sangravam fazendo-a sofrer bastante. Para piorar, o tal príncipe a menosprezou e preferiu casar com outra. Rejeitada, não lhe restou alternativa a não ser se matar pulando no abismo. Até o próprio Andersen achou que pegou pesado demais e mudou o final. Na versão amenizada, em vez de cometer suicídio, a pequena sereia transforma-se em espuma do mar.    

Cinderella

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A história de Cinderella teve várias versões antes de virar o conto de fadas sobre uma mocinha boazinha e injustiçada consagrado nos desenhos animados da Disney. O italiano Giambattista Basile  a chamou de Gata Borralheira e na sua versão ela se alia à governanta para assassinar a madrasta malvada. O plano era simples, esperar o primeiro vacilo e atacar. Um dia a madastra agacha-se para pegar roupas num baú e a Gata Borralheira não pensa duas vezes para ir lá e fechar a tampa na cabeça da megera. Já para os irmãos Grimm, não é Cinderella quem a mata e sim pombos que comem seus olhos. Além do ataque dos pássaros, essa versão traz as irmãs cruéis de Cinderella fazendo qualquer coisa para que seus pés entrem no sapatinho de cristal levado pelo príncipe. Elas não se importaram de cortar fora dedos ou arrancar pedaços dos calcanhares para que o calçado servisse nelas. 

Chapeuzinho Vermelho

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Há alguns séculos, uma forma de alertar as pessoas para não falar com estranhos era contar a macabra história de Chapeuzinho Vermelho. Naqueles tempos não havia na historinha a figura do caçador que salva a mocinha e proporciona um final feliz. Eram apenas a garota ingênua andando pela floresta e um lobo esperto que a engana e a termina jantando. Entre o primeiro encontro da mocinha com o lobo e o seu fim trágico, muitas cenas de violência, crueldade, erotismo e até mesmo canibalismo são descritas nas versões primitivas da narrativa. Entre elas, a do lobo destroçando a vovozinha para se pôr no lugar dela, ele dando o sangue e a carne da velhinha para Chapeuzinho beber e comer e a garota se despindo, jogando suas roupas na fogueira e deitando completamente nua ao lado do lobo. Desse momento erótico que vêm as famosas falas de Chapeuzinho, como "oh vovó, que bocão você tem" ou "oh vovó, que mãos grandes você tem", entre outros "elogios". É somente com a versão dos irmãos Grimm que a historinha ganha um final feliz graças à introdução do caçador que salva Chapeuzinho e sua avó.