sábado, 4 de dezembro de 2010

Descoberta bactéria que utiliza arsênico para sobreviver


Lago Mono, onde foi encontrada a bactéria
Fonte da imagem: Science / Divulgação
O departamento do Astrobiologia da NASA anunciou nesta semana uma descoberta que está mexendo com a comunidade científica no mundo todo. Uma bactéria, encontrada na Califórnia, foi capaz de sobreviver em um ambiente repleto de arsênico, composto conhecido por ser venenoso.
A descoberta pode implicar em uma redefinição sobre quais seriam os elementos básicos necessários para a vida na Terra. Segundo os especialistas, para que um ser vivo possa sobreviver são necessários elementos como carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e fósforo.
A bactéria, encontrada no lago Mono, foi capaz de substituir o fósforo pelo arsênico e, ainda assim, se desenvolver. O estudo, publicado na revista Science, foi conduzido pela pesquisadora Felisa Wolfe-Simon.
O que mais chama a atenção na descoberta é que o elemento químico foi incorporado ao DNA da bactéria. O arsênico é quimicamente similar ao fósforo e, em testes de laboratório, a bactéria se desenvolveu mais quando utilizando o segundo elemento.

Vida fora da Terra?

Embora a maioria dos boatos e informações encontradas na internet apontem para o fato de a descoberta possibilitar um novo tipo de vida fora da Terra, ainda é prematuro fazer qualquer afirmação nesse sentido. Isso se deve ao fato de que o desenvolvimento da bactéria se deu em condições de um ambiente do nosso planeta, o que não garante que em outros, com características distintas, isso também seja possível.
Porém, o fato de termos um novo elemento capaz de manter um ser vivo suscita a dúvida de que, em outros planetas, isso seja possível. “Precisamos rever os ambientes considerados habitáveis. A descoberta aumenta sensivelmente nossas perspectivas”, explica Pamela Conrad, também astrobióloga da NASA.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Como funciona o WikiLeaks

Como você descobriria que um presidente da França usa a popularidade de sua bela esposa, uma ex-modelo, para aumentar as chances dos interesses franceses em outros países? Ou que o governo brasileiro "disfarçou" a prisão de terroristas e que a diplomacia brasileira durante o governo Lula foi vista como "antiamaericana"? Há algumas opções: você poderia ser umespião, um diplomata norte-americano no Brasil, ou, simplesmente, esperar que um site especializado em revelar documentos secretos publicasse essas informações. Esse site existe e chama-se WikiLeaks.

wikileaks
WikiLeaks
O WikiLeaks é uma organização internacional sem fins lucrativos cuja proposta é divulgar e comentar documentos que tragam informações consideradas sensíveis e que atestem a má conduta de governos e grandes corporações. O WikiLeaks trabalha com documentos oficiais que de alguma forma foram "vazados" e chegaram às mãos de seus integrantes.

O site tem estado no centro de polêmicas internacionais por conta de suas revelações, como a feita em abril de 2010 quando um vídeo secreto, feito pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, mostrou o desastrado ataque de um helicóptero militar norte-americano no Iraque em 2007 que resultou na morte de vários civis, inclusive dois correspondentes da agência Reuters. Mas esse foi apenas um dos várias escândalos provocados pelo WikiLeaks e que deixaram muita gente poderosa em situação constrangedora. Na próxima página, conheça um pouco da história e do modo de operar desses autoproclamados defensores radicais da verdade e da transparência.

Mistério e teorias da conspiração

Um dos mistérios que cerca o WikiLeaks é sobre as pessoas que o fazem. Julian Assange é um dos poucos fundadores e diretores conhecidos da organização. Segundo a BBC, Assange nasceu na Austrália em 1971 e na adolescência já tinha demonstrado seu talento para a matemática. Em 1995, sua habilidade como hacker foi descoberta pelas autoridades australianas e ele foi condenado a pagar uma multa de vários milhares de dólares, mas escapou da prisão. Passou então os três anos seguintes investigando junto com a pesquisadora Suelette Dreyfuss o lado subversivo da internet. A pesquisa resultou no livro "Underground". Assange cursou física e matemática na Universidade de Melbourne antes de se tornar um radical defensor da transparência nas informações. Mas sua trajetória inclui também uma acusação de estupro, feita por um promotor sueco após sua passagem pelo país em agosto de 2010. O diretor do WikiLeaks alega que a acusação faz parte de uma campanha internacional para desacreditá-lo e, consequentemente, também o site. O caso está na Suprema Corte sueca.

WikiLeaks: origem e modo de operar

wikileaks
WikiLeaks
O WikiLeaks surgiu para o público em janeiro de 2007, quando seus fundadores anunciaram a iniciativa da organização, sem fins lucrativos, de divulgar informações obtidas através de documentos confidenciais vazados de grandes corporações e governos que interessassem à opinião pública mundial. No começo muitos dos documentos disponibilizados foram fornecidos por pessoas interessadas em denunciar (por motivo de justiça ou vingança) seus ex-empregadores, mas os mais importantes estavam relacionados a histórias de interesse público. No começo, a base de operações da organização estava na Suécia. 

O site surgiu com o intuito principal de expor os regimes opressivos na Ásia, nos ex-países que formavam a União Soviética, no Oriente Médio e na África, mas também esperava ser uma forma de apoiar "as pessoas de todas as regiões que desejassem revelar comportamentos antiéticos de seus governantes e corporações". Atualmente o WikiLeaks estabeleceu como política editorial dedicar-se unicamente a documentos de interesse ético, político, diplomático ou histórico.

O que se sabe do funcionamento do WikiLeaks mostra que sua forma de operar é composta basicamente por quatro etapas. Alguém com acesso aos documentos secretos os entrega a um integrante ou colaborador do WikiLeaks. A organização não registra informações que levem à identificação de quem entregou os documentos vazados. O WikiLeaks afirma que quando possível faz uma verificação para estabelecer a confiabilidade da pessoa que vazou o material. Depois, os documentos são analisados pela equipe da organização para que seja atestada a autenticidade do material. Segundo o diretor Julian Assange, nessa etapa, cinco especialistas checam a veracidade das informações contidas nos documentos. Finalmente, os documentos são disponibilizados no site, junto com um resumo de seus conteúdos. A organização pode também distribuir a documentação a alguns dos mais respeitados veículos de comunicação para uma divulgação simultânea das informações.

Os defensores do WikiLeaks afirmam que ele protege as fontes de informações, os jornalistas e os ativistas que querem divulgar material considerado confidencial mas que seria de interesse público. Já seus críticos, acusam o site de ameaçar a segurança nacional dos países atingidos pelo vazamento e de colocar em risco também a vida de pessoas cujas identidades devem ser mantidas em segredo.

Para garantir a segurança e o anonimato de suas fontes, Assange afirma que a organização tem criptografado tudo, espalhado suas instalações por vários países, como a Islândia e a Bélgica, e as comunicações têm sido feitas a partir do redirecionamento das ligações por diversos locais, de forma a evitar o rastreamento. Segundo ele, muitas vezes o dado vazado chega ao WikiLeaks pelo correio, endereçado a uma caixa postal, sem identificação da fonte. Em todos os casos, todo material, exceto os documentos, é imediatamente destruído para eliminar qualquer pista que possa levar a quem os vazou. Leia na próxima página quais foram alguns dos documentos secretos publicados pelo WikiLeaks entre 2007 e 2010.

Verificando a veracidade

Segundo o WikiLeaks, todas as histórias e documentos recebidos são detalhadamente checados. Para atestar sua veracidade, cada documento recebido é minuciosamente examinados por especialistas e submetido a uma etapa de verificação na qual o WikiLeaks procura saber quem teria motivo para falsificar aquele tipo de documento e por qual razão. A organização afirma que usa as técnicas tradicionais do jornalismo investigativo junto com as mais modernas tecnologias. Geralmente, é feita uma análise forense do documento e verificado o custo, os meios e os motivos para uma eventual falsificação. A organização busca comprovar a autenticidade dele também a partir de elementos externos. Por exemplo, no caso do vídeo que mostrou o ataque do helicóptero militar norte-americano no Iraque, em 2007, que causou vítimas civis, a organização afirma que enviou uma equipe de jornalistas ao Iraque para entrevistar as vítimas e as testemunhas do ataque. Essa equipe teria obtido registros nos hospitais, atestados de óbitos e outras evidências que ratificaram a veracidade do material que o WikiLeaks havia recebido.

WikiLeaks: denúncias e constrangimentos

A proposta do WikiLeaks é de promover a transparência radical nas informações para mostrar à população "como o mundo funciona", segundo Assange. A organização afirma que é um grupo mundial independente formado por pessoas com uma longa trajetória de dedicação à defesa de uma imprensa livre e da transparência derivada disso. Desse grupo, segundo o site, participariam jornalistas com reconhecida credibilidade, programadores, engenheiros de rede e matemáticos, entre outros profissionais.
wikileaks
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Página da internet com documentos secretos
disponibilizados pelo WikiLeaks
Veja a seguir alguns dos fatos revelados pelos documentos secretos disponibilizados pelo WikiLeaks entre 2007 e 2010:
  • Climagate: na véspera da conferência sobre o clima patrocinada pela ONU e realizada em Copenhague (Dinamarca) em 2009, milhares de e-mails trocados entre cientistas, que defendem a tese do aquecimento global causado pelo homem, com a Unidade de Pesquisa do Clima, da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, um dos mais respeitados centros de pesquisa sobre mudanças climáticas no mundo, vazaram e foram divulgados pelo WikiLeaks. O teor de muitos e-mails colocava em dúvida a ética de alguns cientistas na condução das pesquisas e no compartilhamento dos dados. O escândalo ficou conhecido como "climagate".
  • Segredos da Cientologia: em março de 2008, o WikiLeaks divulgou uma série de documentos considerados as "bíblias secretas" da Igreja da Cientologia, seita fundada pelo escritor L. Ron Hubbard e que conta com muita gente famosa entre seus seguidores. Os documentos mostram como os seguidores da seitapodem alcançar os oito diferentes níveis da Cientologia, nos quais "muitos fenômenos" podem acontecer. Normalmente, para alcançar cada um desses níveis o seguidor da seita tem de desembolsar muito dinheiro.
  • Diplomacia-espiã: em novembro de 2010, o WikiLeaks começou a divulgar junto com cinco dos mais importantes jornais do mundo - entre eles o "El País", da Espanha, e  o "The Guardian", da Inglaterra - cerca de 250 mil comunicados oficiais entre as embaixadas e consulados dos Estados Unidos ao redor do mundo e Washington, enviados entre 1966 e 2010. As comunicações revelaram a visão norte-americana sobre líderes e ações governamentais em diversos países. Entre as milhares de informações contidas nesses telegramas e relatórios diplomáticos, está registrado que o governo chinês contrata e usa hackers para fazer invasão de sistemas de computadores de governos e empresas ocidentais e de inimigos políticos, que os diplomatas americanos desconfiam que há uma ligação entre o premiê russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi, que incluiria lucrativos contratos de energia, e que o rei Abdullah, da Arábia Saudita, solicitou várias vezes para que os Estados Unidos atacasse o Irã.
  • Guerra no Afeganistão: em julho de 2010, o WikiLeaks divulgou milhares de documentos sobre as ações militares das tropas internacionais no Afeganistão. Em cerca de 90 mil documentos elaborados entre 2004 e 2009 são revelados detalhes da guerra travada pelas tropas dos Estados Unidos e dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra o Taleban. Segundo esses documentos, o serviço de espionagem do Paquistão estaria ajudando o Taleban e também colaborando com a Al-Qaeda. O material mostra queixas dos afegãos sobre a corrupção no governo local e registra erros em ações militares que resultaram na morte de civis e causaram a perda de confiança da população nas tropas estrangeiras

Ficou pra tia

Ficou pra tia- Gíria usada príncipalmente na região Sudeste do Brasil em geral esse termo é usado para dizer que uma pessoa não teve sorte no amor, ou não casou. É usado devido nessa região sempre encontrar nas famílias uma pessoa sem casar. Geralmente mulheres, que acabam tendo a má sorte de não se casar, e seus irmãos casarem dando a ela sobrinhos.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Como funcionam as teorias da conspiração

Você é daqueles que adora teorias da conspiração?
Algumas pes­soas simplesmente perdem a paciência, mas para outras elas são simplesmente fascinantes. Elas gostam de explorar todas as possibilidades que uma teoria apresenta, da mesma forma que gostam de montar quebra-cabeças ou solucionar mistérios. Às vezes essas teorias são ridículas e não passam de entretenimento, mas há casos em que elas são críveis e fazem-nos pensar.
No século XXI, um evento reinou entre as teorias da conspiração: o ataque de 11 de setembro de 2001, nos EUA. Ele afetou de modo significativo todo o planeta. É quase inevitável o fato de as pessoas falarem em conspiração quando se deparam com um evento de tamanha proporção. E as teorias sobre o 11 de Setembro têm sido numerosas e consistentes.
O incêndio das torres gêmeas do World Trade Center
Foto AP/Chao Soi Cheong
Ataque ao World Trade Center em 2001: coluna de fumaça saindo de uma das torres e explosão e fragmentos na outra 
Toda a controvérsia em torno do 11 de setembro converge para uma única simples questão:
- Será que 19 terroristas causaram toda aquela destruição ou foi conspiração de um grupo de pessoas no próprio governo norte-americano com interesses em ganhos políticos?
O governo dos EUA ofereceu a teoria do ataque terrorista, e é nessa história que muitos acreditam. Outras pessoas, no entanto, recusam-se a acreditar nesta "história oficial". Elas acreditam na teoria que afirma que o governo, de fato, arquitetou e executou o ataque.
Pode-se passar um bom tempo discutindo sobre qual dos lados é o verdadeiro, mas ao invés disso, daremos ênfase ao processo. Não é fascinante que possa haver duas explicações críveis para esse evento tão complexo e que ambas as explicações possam ser diametralmente opostas?
Como se inicia uma teoria da conspiração como essa? O que é necessário para dar vazão a um debate público tão controverso? Como a teoria poderá ser comprovada? Qual é a possibilidade dessa teoria dizer algo acerca da sociedade norte-americana? Esse artigo levantará essas e outras questões ao abordar os eventos de 11 de setembro.
Fundamentos da teoria da conspiração 
Capa do filme JFK
Imagem cedida pela Amazon
O filme "JFK", de Oliver Stone, aborda uma versão controversa sobre os eventos envolvendo o assassinato de John F. Kennedy
O dicionário define teoria da conspiração da seguinte forma:
    "Teoria que busca explicar uma polêmica como uma trama de um grupo secreto e não como um ato individual isolado". [referência (em inglês)]
Um teórico da conspiração é alguém que formula tal teoria.
Há um certo tom negativo por de trás do termo "teoria da conspiração" na sociedade contemporânea. Os críticos enfatizam que elas costumam conter certos aspectos que diminuem a sua credibilidade. Nesse artigo, no entanto, usaremos o termo "teoria da conspiração" de modo neutro. Vamos encará-la como uma explicação alternativa para um evento, conforme é definido no dicionário.
Na era moderna, houve um grande número de "teorias da conspiração". Um exemplo é o do assassinato de John F. Kennedy. Após o homicídio, o governo forneceu algumas explicações para o acontecimento, mas um grande número de pessoas simplesmente não acreditou nelas. Essa teoria, em especial, foi inserida de modo tão poderoso na consciência coletiva que levou Hollywood a realizar um filme: "JFK" (em inglês), dirigido por Oliver Stone e lançado em 1991.
O assassinato de Kennedy foi realmente o estopim para o movimento contemporâneo sobre a "teoria da conspiração". A explicação oficial do governo sobre o crime é ridicularizada pela maioria dos cidadãos. Muitos acreditam que o assassinato de Kennedy foi parte de uma conspiração maior em torno do governo e não um evento aleatório planejado por um franco-atirador solitário.
Do mesmo modo, um grande número de pessoas não acredita que os "terroristas" executaram os ataques de 11 de setembro, mas que o governo foi o responsável por eles.
A seguir, veremos como as teorias se iniciam.
Mais sobre o assassinato de Kennedy

Como têm início as teorias da conspiração

Os eventos ocorridos em 11 de setembro de 2001 ainda são lembrados. Zacarias Moussaoui foi condenado por ter participado do planejamento do ataque. Em seu julgamento, um grande número de pessoas relatou os horrores vividos naquele dia. O governo também reproduziu publicamente as gravações da caixa-preta do vôo 93 pela primeira vez. Além disso, o filme"Vôo 93" (em inglês) gerou grande publicidade em torno do assunto. Todos esses eventos confirmaram a "história oficial" de que os terroristas seqüestraram quatro aeronaves e colidiram três delas contra alvos diferentes e os passageiros do quarto vôo fizeram um pouso forçado antes que uma catástrofe maior ocorresse.
Dado o poder da história oficial, a quantidade de evidências a seu favor e o fato de que ela sobreviveu por cinco anos sem qualquer contestação pública aparente, como uma teoria da conspiração sobre o 11 de setembro realmente teve início?
Uma aeronave realizou uma trajetória retilínea se chocando a uma das Torres do WTC
Foto AP/Carmen Taylor
Aeronave chocando-se frontalmente a uma das Torres do WTC, na terça-feira de 11 de setembro de 2001 
Para entender como ela teve início, é preciso lembrar os eventos mais importantes de 11 de setembro. A maioria das pessoas está familiarizada com essa história porque ela se repetiu na mídia milhares de vezes e muitas pessoas vivenciaram os fatos enquanto eles aconteciam. Esse é um cronograma dos eventos acontecidos:
  • na manhã de 11 de setembro de 2001, 19 terroristas de origem islâmica embarcaram em quatro vôos domésticos nos Estados Unidos;
  • 7:59 - o vôo 11 da American Airlines decola do Aeroporto de Logan em Boston;
  • 8:14 - o vôo 175 da United Airlines também decola do Aeroporto de Logan em Boston;
  • 8:20 - o vôo 77 da American Airlines decola do Aeroporto de Dulles em Washington;
  • 8:40 - o vôo 93 da United Airlines decola do Aeroporto de Newark em Nova Jérsei;
  • 8:45 - o vôo 11 atinge a Torre Norte do WTC;
  • 9:03 - o vôo 175 atinge a Torre Sul do WTC;
  • 9:25 - a FAA - organização governamental americana que supervisiona e regula o tráfego aéreo - exige uma "aterrissagem geral" para todas as aeronaves nos Estados Unidos. Nenhum avião poderá decolar e todas as aeronaves deverão pousar;
  • 9:30 - o Presidente Bush faz um discurso à nação e relata os eventos como "ataques aparentemente de terroristas";
  • 9:43 - o vôo 77 atinge o Pentágono;
  • 10:05 - a Torre Sul desaba;
  • 10:10 - o vôo 93 cai na Pensilvânia;
  • 10:10 - o muro do Pentágono desaba;
  • 10:28 - a Torre Norte desaba;
  • 17:20 - o Edifício 7 do WTC desaba;
  • 20:30 - o Presidente Bush faz um discurso à nação culpando os terroristas pelos ataques.
Todos os fatos registrados nessa relação realmente ocorreram, e em sua maioria foram transmitidos ao vivo.
A "história oficial" oferece uma explicação para esses eventos e tudo faz sentido sob uma perspectiva. Às 9:30, um vídeo da segunda aeronave que sobrevoava a Torre Sul já havia circulado. Naquele dia, cada fonte de notícias tinha as suas câmeras posicionadas na Torre Norte e cobriam os eventos no local, de forma que o choque com a Torre Sul foi filmado de ângulos distintos e transmitidos em tempo real. Quando o presidente qualificou o evento como aparente ataque terrorista às 9:30, a notícia fez sentido. Afinal, terroristas são aquelas pessoas que seqüestram aeronaves. Às 20:30, muitas evidências foram publicadas para sustentar a história sobre o terrorismo. Os comissários de vôo e os passageiros utilizaram fones de ouvido e celulares para fazer ligações de vários aviões. Os pilotos nos aviões também dispararam os alarmes e conectaram os microfones das cabines de piloto, assim as pessoas em terra poderiam ouvir o que estava acontecendo.
Mais evidências foram publicadas nos dias seguintes, então ficou claro o que aconteceu: 19 terroristas seqüestraram quatro aeronaves e causaram a destruição.
Esse é um relato muito direto da história. Vários aviões foram seqüestrados no passado, por isso é muito fácil imaginar um ataque à quatro aeronaves coordenados de uma vez. A idéia de usar aeronaves de grande porte comobombas voadoras foi inovadora e engenhosa, mas dentro das possibilidades da situação.
Dessa forma, para dar início a uma teoria da conspiração, deve haver um fato sem uma explicação satisfatória. Em algumas teorias, os aspectos são muito sutis. Mas no caso do 11 de setembro, há quatro ocorrências que não fazem muito sentido na história oficial. 
  • Três arranhas-céus desabaram - nunca um arranha-céus havia desabado devido a um incêndio. Quando as Torres Norte e Sul desabaram, deve ter soado crível, pois aeronaves de grande porte se chocaram contra elas. Mas quando o WTC 7 desabou, causou estranheza.
  • O modo como o presidente e seus negociadores reagiram quando o segundo avião se chocou contra a Torre Sul, que foi estranho. Quando o primeiro avião se chocou contra a Torre Norte, o comportamento da equipe presidencial é perdoável, porque talvez ninguém tivesse ciência do ocorrido. Todavia, quando o segundo avião se chocou, todos tinham conhecimento do ocorrido, e portanto o modo como o presidente e seus negociadores agiram foi estranho.
    O Pentágono
    Imagem: cortesia do Departmento de Defesa dos EUA/Primeiro Sargento Ken Hammond, Força Aérea Norte-Americana
    O Pentágono antes do ataque
  • O Pentágono corria risco de ser atingido por um avião de carreira. Pelo que parece, tal fato parecia completamente impossível. O Pentágono é o nervo central da maior e mais sofisticada organização militar que o mundo já conheceu. Dessa forma, é sensato pensar que existe um sistema defensivo a postos, tornando o conjunto de edifícios invulnerável. Certamente edificações como o Pentágono estariam protegidas por mísseis antiaéreos, não é mesmo? O ataque sobre o Pentágono aconteceu 58 minutos após o primeiro avião colidir contra a Torre Norte, o que seria tempo suficiente para rastrear os jatos e proteger Washington, mesmo que não houvesse mísseis em terra.
  • Nenhum dos quatro aviões seqüestrados foi abatido por caças, embora esse tipo de intercepção seja comum. Isso é estranho, especialmente no caso do Pentágono. O jato de Payne Steward Lear saiu de curso em 1999. Logo em seguida, mais de 10 aviões o interceptaram, sendo que a primeira intercepção aconteceu 20 minutos após os controladores de vôo terem tomado ciência do problema. [ref (em inglês)]. Então, porque não houve uma resposta imediata aos quatro aviões seqüestrados?
Não se trata de uma resposta simples: são questões muito abrangentes. Um teórico da conspiração (com olhar crítico) poderá observar várias anomalias e perceber um ou mais aspectos que "não fazem sentido" na história oficial. Qualquer uma dessas discrepâncias será suficiente para chamar a atenção de alguém.
A seguir, veremos como os teóricos da conspiração reúnem evidências e constroem outras explicações.

Construindo uma teoria

Existe algo muito interessante com relação à teoria da conspiração. Ela deve ter início a partir de uma discrepância, mas em um certo ponto, os teóricos deverão explicar todos os acontecimentos de maneira crível. Caso o teórico não possa fazê-lo, a teoria não se sustentará e ninguém acreditará nela. Assim, ele deverá se esforçar para reunir evidências e buscar explicações alternativas.
Vamos ver como isso poderá funcionar: suponha que um teórico observe a queda da Torre 7 do WTC. Ele observa que o edifício não implodiu ou desabou parcialmente, mas foi completamente demolido. Dessa forma, ele levanta a hipótese de que a queda da Torre 7 do WTC foi uma demolição planejada e não uma casualidade, que seria a queda natural do edifício. A primeira coisa a ser feita por ele é comprovar que o que aconteceu à Torre 7 do WTC poderia ser considerado uma demolição. Como ele poderia fazer tal afirmação? Ele deve ter levado em consideração fatos como:
  1. nenhum arranha-céu desabou antes devido a incêndios. A Torre 7 do WTC não foi atingida por um avião, e embora tenha queimado quando desabava, o incêndio não estava "fora de controle" nem havia se alastrado. Portanto, o desabamento do edifício foi incomum;
  2. ao analisar os vídeos do desabamento, percebemos que o edifício desaba uniformemente, como no caso de uma demolição. Veja os vídeosdesta página (em inglês) para três exemplos. Se o desabamento da Torre 7 do WTC foi um desabamento natural, é pouco provável que o desabamento tivesse ocorrido de maneira tão uniforme;
    Torre 7 do WTC
    Foto AP/Ryan Remiorz, Pool
    Bombeiros tentam controlar as brasas remanescentes da Torre 7 do World Trade Center na terça-feira, dia 18 de setembro de 2001 
  3. parece impossível que no dia 11 de setembro, dada toda a turbulência e destruição, a cidade de Nova York percebesse que a Torre 7 do WTC estava tendo problemas e contratasse uma equipe de demolição, obtivesse todos os explosivos, transportasse a equipe e os explosivos para o local e então implantasse os explosivos no edifício para realizar uma demolição não planejada.
Em outras palavras, o teórico de conspiração conclui, ao analisar as evidências, que era impossível a Torre 7 ter desabado naturalmente assim como ter sido demolida. Com isso é fácil concluir que semanas antes do 11 de setembro uma equipe implantou explosivos na Torre 7 do WTC.
Ao concluir isso, ele deverá explicar tudo o que ocorreu em 11 de setembro. Se a demolição da Torre 7 do WTC tenha sido planejada, então todos os acontecimentos de 11 de setembro foram pré-planejados. Isso teria grande impacto sobre cada parte da "história oficial". Por exemplo:
  • não havia terroristas e, se houve, suas ações foram coordenadas pelo governo e não pela Al Queda;
  • os terroristas não pilotaram aviões espontaneamente em direção aos edifícios, o governo sim;
  • as Torres Norte e Sul também foram equipadas com explosivos anteriormente, assim como a Torre 7 do WTC, e os desabamentos foram eventos planejados que mataram milhares de pessoas inocentes;
  • o choque com o Pentágono também foi planejado. Um míssil atingiu o Pentágono, ao invés de uma aeronave;
  • a história do vôo 93 nunca aconteceu como descrito na versão oficial. Ela também pode ter sido planejada ou o Pentágono pode ter sido atingido por um míssil.
Essa história de conspiração difere radicalmente da história oficial. Mas ela é crível?
Se a intenção é recapitular a revolta que a história pode provocar, não será difícil acreditar na nova versão. Equipar secretamente três edifícios com explosivos para a demolição não é algo difícil de se imaginar. O governo tem conhecimento de equipes treinadas para realizar esses trabalhos, como a SEALS (Tropa de Elite da Marinha), por exemplo, e seria lógico supor a existência de equipes secretas. É fácil presumir que o governo tomaria a liderança ou substituiria os aviões que se chocaram contra as Torres Norte e Sul. Também é possível imaginar um míssil lançado contra o Pentágono e o atingindo exatamente como aconteceu.
Nesse ponto, o teórico deve construir uma "teoria da conspiração" para explicar o que aconteceu no dia 11 de setembro e comprovar que ela pode realmente ter acontecido. Além disso, será útil se a história de conspiração for mais crível do que a história oficial.
Criando a teoria
Para criar uma teoria da conspiração completa, o teórico deve criar um conjunto de elementos que explique todos os eventos ocorridos, buscando evidências que suportem os elementos da história. Eis um exemplo de como esse processo pode funcionar. O desabamento do World Trade Center será utilizado como demonstração.
De acordo com a história oficial, tanto a Torre Norte como a Torre Sul desabaram espontaneamente porque o calor dos incêndios consumiu milhares de litros de combustível dos aviões. Os incêndios enfraqueceram a estrutura metálica dos edifícios, que curvaram e desabaram. Os edifícios desabaram andar por andar até o térreo.
Um teórico deverá apresentar evidências para uma história alternativa. Nesse caso, apresentar evidências de que realmente ocorreu uma demolição controlada, da seguinte maneira:
  • o combustível dos aviões não seria suficiente para fundir aço nem outros materiais encontrados nas torres. Seria necessário um elemento químico como o termite para provocar esse efeito (assista a esse vídeo (em inglês) para ver uma demonstração de como o termite se comporta). Mas há evidências em vídeo sobre metais fundidos saindo dos edifícios antes do desabamento:
    Reação termite
    Imagem autorizada sob licença da Creative Commons Attribution ShareAlike 2.5 
    Essa reação termite fundiu uma panela de ferro fundido
  • há provas audíveis (em inglês) de explosões de demolição;
  • há provas visíveis (em inglês) de explosões ocorridas nas torres quando elas desabaram;
  • há também prova direta (em inglês) de que a demolição foi planejada:
    "Eu me lembro de ter recebido uma ligação do comandante do corpo de bombeiros, dizendo que ele não sabia se eles poderiam conter os incêndios e eu disse: 'Tivemos tamanha perda de vida humana que a decisão mais acertada seria derrubar o prédio todo'. E tomaram a decisão de derrubá-lo e vimos o prédio desabar".
    Larry Silversteincontrolador da Torre 7, em entrevista reproduzida no documentário da PBS "America Rebuilds"
Os teóricos começam a reunir evidências desse tipo para criar uma teoria para essa parte da história. Nesse caso, a teoria é que as torres do WTC e a Torre 7 foram demolidas e não desabaram devido a falhas estruturais. O teórico pode transmitir esse pequeno trecho da "teoria da conspiração" na esperança de obter mais informações e certamente receber um retorno. Aqui estão alguns exemplos:O mesmo processo deverá ocorrer em todas as partes da história, criando uma completa explicação alternativa para os acontecimentos do dia 11 de setembro:
  • De onde vieram os aviões que atingiram as torres? Tratavam-se de passageiros comuns ou outro tipo de tripulantes?
  • Caso não fossem terroristas pilotando aqueles aviões, então quem ou o quê os pilotava?
  • O que aconteceu aos passageiros? Eles realmente existiram, foram assassinados pelo governo ou uma mistura das duas coisas?
  • Quem implantou as cargas explosivas? Quando? Como?
Para todas essas questões, o teórico precisa encontrar evidências e conectá-las. A seguir veremos como os teóricos comprovam e promovem suas teorias.

estando uma teoria

Após muitas pesquisas, o teórico surge com uma teoria completa sobre os acontecimentos do dia 11 de setembro. É importante analisar:  tudo isso faz sentido? É plausível? Existe um meio, uma razão e uma oportunidade disponível em cada estágio de observação? Há evidências suficientes para dar suporte à teoria?
Mais importante ainda, a teoria da conspiração explica o que ocorreu de fato? Existem mais ou menos fatos esclarecidos ao compará-la à história oficial? No caso do 11 de setembro, a teoria da conspiração explica as seguintes anomalias:
  1. o fato de que as Torres Norte e Sul desabaram por completo e de forma idêntica;
  2. o fato de que a Torre Sul desabou antes da Torre Norte, mesmo sabendo que a Torre Norte foi atingida antes e que a Torre Sul foi atingida de modo oblíquo e não de forma direta;
  3. o fato de que a Torre 7 do WTC desabou por inteiro, não tendo sido atingido por nenuma aeronave e o modo como ela desabou;
  4. a citação de Larry Silverstein sobre a demolição;
  5. por que o governo se empenhou tanto na limpeza e na remoção de fragmentos de aço para reciclagem, ao invés de deixar equipes independentes conduzirem a investigação sobre o desabamento.
  6. por que o Pentágono foi atingido na parte do prédio que estava em reforma.
    O Pentágono após os ataques
    Imagem cedida pelo Departmento de Defesa/ Sargento Téc. Cedric H. Rudisill
    Os agentes do FBI, os bombeiros, as equipes de salvamento e os engenheiros trabalhando em 14 de setembro de 2001, nos escombros do Pentágono
  7. o fato de que o rastro de destruição deixado fora do Pentágono, no muro externo e na estrutura interna não correspondem às marcas usuais deixadas por um Boeing 747;
  8. todo o sigilo e a singularidade sobre a parte atingida do Pentágono, ao invés da abertura do local para as investigações do choque aéreo;
  9. o fato de que o Pentágono, que é o complexo de edifícios mais protegidos na cidade mais segura do mundo, foi alvo de ataque;
  10. outros incidentes estranhos: os jogos de guerra ocorridos no Pentágono, a ausência de interceptação por meio de caças, o comportamento do presidente Bush na manhã dos ataques, a localização de Warren Buffett e outros investidores de grande porte no dia dos ataques etc.
Em outras palavras, a teoria da conspiração explica um grande número de fatos que permaneceram misteriosos na história oficial.
O que está faltando, é óbvio, é uma prova incontestável . É por isso que se trata de uma teoria da conspiração e não da realidade. Na ausência de uma prova incontestável, como uma notícia que vazou, um agente delator que realmente tenha participado do caso, uma evidência direta de um dos locais do acidente, etc., fica muito difícil comprovar uma teoria da conspiração. O fato de que muitas das evidências foram rapidamente destruídas dificulta a comprovação da teoria..
Promoção
Documentários com teorias da conspiração
sobre o 11 de setembro
P.S.: em inglês e não legendados.
A próxima etapa é divulgar a teoria. Esse processo foi simplificado pela internet, mas ainda assim é difícil porque os teóricos da conspiração são oposicionistas. Há quatro maneiras se disseminar a doutrina:
  • livros são a maneira tradicional; vários já foram escritos sobre o tema;
  • sites são talvez a forma mais fácil; há muitos com discussões sobre a conspiração de 11/9;
  • documentários e os vídeos;
  • entrevistas no rádio, na TV, nos jornaise nas revistas ajudam a promover os livros, os sites e os filmes.
Recentemente, a tentativa mais impressionante de divulgar foi o lançamento do documentário chamado "Loose Change", 2ª edição" (em inglês) em vídeo no Google (em inglês) e no YouTube (em inglês). O interessante a respeito deste documentário é que foi o primeiro a atingir milhões de pessoas através de canais de vídeo gratuitos. Estes canais da internet facilitam a difusão de teorias da conspiração.
É mais fácil os teóricos da conspiração unirem seus esforços. O "Movimento pela verdade sobre o 11 de Setembro" conseguiu unir os teóricos, fortalecendo-os.
Então, quando as teorias de conspiração ganharem força, um novo fenômeno acontecerá. As pessoas que acreditavam na história oficial vão querer desbancar os teóricos. Os desafiadores têm os mesmos instrumentos de coleta de evidências à sua disposição e oferecem alguma resistência às teorias de conspiração. Um dos exemplos mais proeminentes do fenômeno de ridicularização foi apresentado pela revista "Popular Mechanics" no artigo "9/11: derrubando mitos" (em inglês). Então os teóricos da conspiração reagiram às reações, como no caso do artigo "Ataque à verdade de 11/9" (em inglês), e uma grande discussão se desenvolveu. Essas discussões podem ser úteis aos teóricos da conspiração. O retorno exige que eles aprimorem suas teorias e o impacto desse argumento pode atrair atenção.
Será que essas teorias da conspiração sobre o 11/9 deixaram de ser teorias? Será que o Congresso reabrirá as investigações sobre o 11/9 devido à pressão pública?