segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O que é o cérebro extrassensorial?

Introdução a O que é o cérebro extrassensorial?

cérebro extrassensorial
© istockphoto.com /Eraxion
Nos anos 1980, a editora Time-Life ficou famosa pela série entitulada “Mistérios do Desconhecido” que tratou sobre a paranormalidade. Anúncios chamavam a atenção dos espectadores com: “A mãe sente uma forte dor em sua mão. No mesmo momento, mas bem longe dali, sua filha grita ao tocar uma panela quente. Coinciência?”. Aqueles que acreditam em atividade paranormal diriam que este cenário é um exemplo de percepção extrassensorial (PES), ou percepção que vai além dos nossos cinco sentidos. Os céticos chamariam isso de “armação”. Mas será que os céticos não estão sendo céticos demais? Há indícios de percepção extrassensorial dentro de nossoscérebros?

O termo “PES” foi primeiramente usado pelo botânico que mais tarde tornou-se parapsicólogo, Joseph Banks Rhine. Ele engloba três principais manifestações: a habilidade de ler mentes, a habilidade de prever o futuro e o conhecimento de um objeto remoto ou pessoa. No livro que publicou em 1934, “Percepção Extrassensorial”, Rhine escreveu que suas experiências na Universidade de Duke – onde estudantes foram capazes de predizer com precisão símbolos em cartas que eles não podiam ver – provou a existência de percepção extrassensorial [fonte: Spence]. No entanto, os céticos apontam o fato de que os cientistas demoraram muito para replicar os resultados de Rhine, levando muitos a acreditar que as experiências podem ter sofrido falhas de projeto [fonte: Kaku].

Nada disso, porém, impediu que os parapsicólogos continuassem tentando provar para a comunidade científica que a percepção extrassensorial realmente existe – na América eles não tiveram tanto trabalho, já que 3 de cada 4 pessoas acreditam em paranormalidade [fonte: Gallup]. Por exemplo, o Programa de Pesquisas de Anomalias de Engenharia da Universidade de Princeton conduziu uma experiência de longa duração na qual indivíduos tentaram usar suas mentes para influenciar máquinas, como geradores de números aleatórios. De acordo com o que foi publicado no site,  “ Nos mais de 27 anos de história do laboratório, milhares de experiências foram realizadas por centenas de operadores. Os efeitos observados são normalmente bem pequenos, mas eles são altamente significativos em se tratando de desvios estatísticos”. Neste caso, os resultados mostraram que o poder da mente pode influenciar a tecnologia, embora apenas ligeiramente.

Mas que parte do cérebro, se é que realmente existe, está correlacionada com habilidades extrassensoriais? Nós temos um cérebro extrassensorial? Os parapsicólogos tendem a pensar que o hemisfério direito do cérebro é a área mais associada às habilidades psíquicas. Isso pode ser em função de que os testes para PES são normalmente visuais, e o hemisfério direito é responsável por armazenar informações não verbais [fonte: Alexander]. 

Também pode ser porque o hemisfério direito é tradicionalmente conhecido como hemisfério “intuitivo”, enquanto que o hemisfério esquerdo é o “lógico”. Isso tudo é interessante, mas porque não obter mais respostas definitivas e realizar testes para comprovar a existência da percepção extrassensorial, enquanto se monitora a atividade do cérebro dos participantes? Em 2008, um grupo de estudantes da Universidade de Harvard se propôs a fazer exatamente isso.

No teste, cada participante foi colocado em um scanner de imagem deressonância magnética e foram mostradas duas fotografias; ao mesmo tempo foi mostrada uma das fotos ao seu amigo ou parente em outra sala e foi pedido para “enviar” a imagem ao participante. O participante tinha então que adivinhar qual das duas fotos estava sendo “enviada” [fontes: Goldberg;ScienceDaily.com]. No relatório publicado no Journal of Cognitive Neuroscience, Samuel Moulton, estudante de Psicologia de Harvard, explicou: “Se existe qualquer processo de percepção extrassensorial, então o cérebro dos participantes deve responder de forma diferente a estímulos de PES ou não”. Em outras palavras, o cérebro deveria responder de forma diferente às imagens que estavam sendo “enviadas” das imagens que não estavam sendo “enviadas”. Os resultados? De acordo com Moulton, os participantes não reagiram diferente às imagens. Os pesquisadores não encontraram evidências – pelo menos entre os participantes – de que a atividade de percepção extrassensorial existe no cérebro.

Por agora, parece que os mistérios do cérebro extrassensorial ainda permanecem trancados, se é que eles realmente estão lá.

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