O número sete é considerado há muito tempo como um número mágico, e isso fez do dia 7 de julho de 2007 (7/7/2007) um momento bastante especial. Casais escolheram essa data para se casar; os shows do Live Earth se espalharam por todo o planeta durante 24 horas contínuas, transmitidos pelo rádio, televisão e Internet. E, em Lisboa, Portugal, foram anunciadas as sete novas maravilhas do mundo, escolhidas em votação democrática por mais de 100 milhões de pessoas [fonte: New7Wonders (em inglês)].
Three Lions/Getty Images A antiga cidade de Babilônia abrigava os Jardins Suspensos da Babilônia, a Torre de Babel, além de grandes palácios e zigurates |
Foi apenas a data propícia que inspirou a seleção das novas maravilhas? Não exatamente. As pessoas vêm preparando listas de locais espetaculares em praticamente todas as eras da história e em todas as culturas da Terra. Temos as sete maravilhas do mundo medieval, as sete do mundo moderno, as sete do mundo natural e as sete do mundo subaquático - isso sem falar das diversas listas compiladas pelas agências de viagem e pela mídia.
Mas e quanto às sete maravilhas originais?
- Grande Pirâmide de Gizé (Egito)
- Jardins Suspensos da Babilônia (no atual Iraque)
- Templo de Ártemis em Éfeso (Turquia)
- Estátua de Zeus em Olímpia (Grécia)
- Mausoléu de Halicarnasso (Turquia)
- Colosso de Rodes (Grécia)
- Farol de Alexandria (Egito).
Há divergências quanto a quem compilou essa lista de maravilhas (ou como diriam os gregos, theamata, que se pode traduzir como "coisas que devem ser vistas") [fonte: Smithsonian (em inglês)]. Talvez tenha sido Calímaco de Cirene, que teria produzido o primeiro esboço no século 3 a.C., ouHeródoto, que viveu de 484 a 425 a.C. [fonte: Smithsonian (em inglês)]. Há relatos que atribuem a lista a Filo de Bizâncio, em130 a.C - teoria da qual algumas pessoas discordam porque dizem que, como engenheiro, ele escreveu primordialmente sobre guerras, armas e exércitos. [fonte: Princeton].
Das sete maravilhas do mundo antigo, apenas a Grande Pirâmide continua a existir. As demais são ruínas irreconhecíveis, e os Jardins Suspensos talvez nem mesmo tenham existido. O que sabemos sobre as maravilhas surge em relatos escritos de antigos viajantes e da pesquisa arqueológica moderna. Boa parte de nossas informações sobre os monumentos não passa de conjectura ou surgiu de relatos questionáveis, de segunda mão - o que faz deste artigo um estudo de como as maravilhas podem ter funcionado.
Ainda que esses monumentos talvez não tenham resistido fisicamente ao teste do tempo, eles prosperam em nossa imaginação como algumas das mais magníficas estruturas artificiais do mundo antigo. Neste artigo, estudaremos cada uma delas, começando pela Grande Pirâmide de Gizé.
Na lista original existiam apenas sete maravilhas e as listas que a sucederam aderiram a esse número pitagórico perfeito. Mas sempre houve discretos rumores sobre uma oitava maravilha. A canção "Seven Wonders", do Fleetwood Mac, dá a entender que um amor não correspondido é a oitava maravilha, enquanto Hollywood gostaria que acreditássemos que a oitava maravilha é King Kong. Os arquitetos modernos muitas vezes designam construções gigantescas como o Empire State Building ou o Palm Islands, em Dubai, como a oitava maravilha. |
As Grandes Pirâmides de Gizé
Das areias escaldantes do Egito surgem misteriosas formas cônicas: aspirâmides. Em todo o Egito, existem 80 delas, de variados tamanhos. Mas é a maior das pirâmides, e a mais poderosa das Grandes Pirâmides, a Pirâmide de Khufu, que encontra lugar entre as sete maravilhas.
Em seus relatos, os gregos designavam Khufu como Queóps. A pirâmide que leva esse nome fica em Gizé, ao lado de duas outras grandes pirâmides, as de Menkaure (Miquerinos) e Khafre (Quefren). Perto delas, a Esfingese mantém em guarda. Os 230 metros de altura da pirâmide de Khufu fizeram com que ela mantivesse o posto de mais alta estrutura artificial do planeta até que fosse superada pela torre Eiffel, em 1889.
A Pirâmide de Khufu é não só a mais antiga das antigas maravilhas como também a única delas que continua a existir. Situada na planície de Gizé, perto da cidade do Cairo, ela foi construída no reino do rei Khufu, entre 2589 e 2566 a.C. A pirâmide é composta por mais de 2,3 milhões de blocos de granito e pedra calcária, e pesa aproximadamente 5,9 milhões de toneladas. Seus lados inclinados prestam homenagem ao deus-sol, Ra, simbolizando seus raios de luz. As laterais têm ângulo de 51 graus e uma área de 2,2 hectares [fonte: Great Pyramid of Giza Research Association (em inglês). Cada um dos blocos se encaixa com perfeição em sua posição. Os quatro lados estão situados em cada uma das quatro direções cardeais, o que prova o firme apego dos egípcios antigos à astronomia.
Alguns estudiosos propõem a idéia de que a Pirâmide de Khufu foi deixada inacabada. A julgar pelas demais pirâmides, que têm topos pontudos marcados por uma pedra que serve como ápice, isso pode ser verdade, já que o topo da Khufu é plano [fonte:NOVA (em inglês)]. |
A pirâmide estava originalmente revestida de pedras calcárias. No século 14, o Egito foi atingido por terremotos que derrubaram templos e pontes. O revestimento de pedra calcária da pirâmide foi removido e empregado para fins de reparo. Como resultado, ela perdeu 5% de sua altura, ficando ainda com notáveis 227 metros [fonte: History Channel (em inglês)].
O interior da pirâmide é tão impressionante quanto sua fachada. Construída como tumba para o rei e sua consorte, o propósito inicial da edificação parece ter sido o de abrigar seus corpos e os implementos de que eles precisariam depois da vida. Corredores escuros e passagens de curvas abruptas subdividem o interior em câmaras e becos sem saída, incluindo salas secretas.
Por séculos, os piramidólogos, ou arqueólogos que estudam pirâmides, vêm conduzindo escavações em Khufu. Mas o trabalho é um desafio. Os egípcios dificultaram imensamente os percursos no interior da pirâmide, a fim de dissuadir ladrões e de proteger a tumba e os tesouros que ela continha. Algumas salas e câmaras foram bloqueadas com grandes rochas. Outras salas parecem existir sem um propósito específico, a não ser como meio de confundir os potenciais saqueadores. Uma das salas nas câmaras da rainha, por exemplo, contém apenas areia.
A maioria das câmaras vazias servem como câmaras de alívio, absorvendo o desgaste gerado pelo peso imenso da pirâmide [fonte: BBC (em inglês)]. Outras ainda simplesmente não foram descobertas, ou são inacessíveis.
Por séculos, os piramidólogos, ou arqueólogos que estudam pirâmides, vêm conduzindo escavações em Khufu. Mas o trabalho é um desafio. Os egípcios dificultaram imensamente os percursos no interior da pirâmide, a fim de dissuadir ladrões e de proteger a tumba e os tesouros que ela continha. Algumas salas e câmaras foram bloqueadas com grandes rochas. Outras salas parecem existir sem um propósito específico, a não ser como meio de confundir os potenciais saqueadores. Uma das salas nas câmaras da rainha, por exemplo, contém apenas areia.
A maioria das câmaras vazias servem como câmaras de alívio, absorvendo o desgaste gerado pelo peso imenso da pirâmide [fonte: BBC (em inglês)]. Outras ainda simplesmente não foram descobertas, ou são inacessíveis.
Mohammed Al-Sehiti/AFP/Getty Images Em 1999, o ministro egípcio da Cultura, Faruq Hosni, posando aqui diante da Grande Pirâmide, defendeu a integridade arquitetônica das pirâmides, em meio ao concurso para eleger as sete novas maravilhas mundiais |
Não sabemos ao certo como as pirâmides foram construídas. A maior parte dos especialistas concorda em que a construção oferecia empregos aos camponeses quando a inundação anual do rio Nilo os impedia de cuidar de suas plantações.
O local sempre foi um destino turístico popular e os egípcios, bem como os admiradores ardorosos da pirâmide de Khufu em outros países, não apreciam que ela tenha ficado entre os "desclassificados" na lista de novas maravilhas mundiais.
Na próxima seção, aprenderemos sobre uma maravilha que talvez jamais tenha existido: os Jardins Suspensos da Babilônia.
Os Jardins Suspensos da Babilônia
Caso tenham realmente existido, os Jardins Suspensos da Babilônia seriam a segunda mais velha das antigas maravilhas mundiais. Construídos no século 6 a.C., os jardins teriam desaparecido há muito tempo. Alguns estudiosos argumentam que a razão para que não exista registro preciso sobre eles é exatamente o fato de que eram jardins - com plantas e flores que acabaram morrendo. Mesmo se a estrutura que sustentava os jardins tivesse sido preservada, poderia perfeitamente estar em ruínas irreconhecíveis.
Começaremos com as mais populares teorias sobre os jardins. Provavelmente ficavam ao lado do rio Eufrates, no que hoje é o Iraque. Os jardins não eram literalmente suspensos. Na verdade, foram plantados em terraços e nas paredes inclinadas de uma estrutura de tijolos. Alguns relatos sobre os jardins alegam que as plantas chegaram a ter mais de 22 metros de altura, e que se podia caminhar sob elas. Relatos de Diodorus Siculus, escritor da era clássica, descrevem paredes de tijolos com 6,7 metros de espessura e 121 metros de largura. E Filo escreveu que havia diversas camadas de flora e muitos níveis de irrigação.
Os jardins não teriam sido a única vista notável em Babilônia. A antiga cidade estava repleta de palácios reluzentes e de firmes zigurates. Até mesmo os portões da cidade estavam enfeitados por entalhes e por tijolos vitrificados brilhantes [fonte: Smithsonian (em inglês)]. Mas em um país desértico e seco como o Iraque, uma paisagem de árvores verdejantes e flores desabrochando deve ter sido verdadeiramente deslumbrante.
Se as edificações de Babilônia alardeavam a grande riqueza da cidade, os jardins serviam como demonstração dos talentos de engenharia de seus arquitetos. Fazer com que plantas vicejem no deserto não é tarefa fácil, mas transportar água que as alimente no topo de uma edificação de cinco andares é um desafio ainda maior. Os jardins teriam de utilizar o Eufrates como fonte de irrigação, e a água provavelmente teria de ser transportada por meio de um sistema de bombeamento feito de junco e pedras, e armazenada em um imenso tanque. Do tanque, um shaduf (aparelho de elevação de água acionado por força muscular) distribuiria a água às plantas.
Raymond Kleboe/Picture Post/Getty Images Esta fotografia, de 24 de junho de 1950, mostra o suposto local dos Jardins Suspensos da Babilônia |
De acordo com a lenda, o rei Nabucodonosor construiu os jardins para sua mulher, Amytis. Amytis era uma princesa da Média, uma região do Irã, perto do Mar Cáspio. A lenda conta que Nabucodonosor teria construído os jardins para lembrá-la de sua terra natal. Mas é estranho que Nabucodonosor, um monarca que registrou suas muitas realizações em escrita cuneiforme, uma forma antiga de escrita usada para manter registros oficiais, não mencionasse os jardins entre elas.
Isso levou alguns estudiosos a teorizar que os jardins podem, de fato, ter sido construídos por uma rainha assíria ou até por Senaqueribe, o soberano de Nineveh.
O conhecimento que temos hoje sobre os Jardins Suspensos da Babilônia vêm de interpretações de relatos antigos ou de visões artísticas da maravilha.
Nabucodonosor escreveu que esperava que futuros reis expandissem seu império. Nos palácios que construiu, ele utilizava tijolos com a inscrição "Nabucodonosor, soberano da Babilônia de mar a mar". Quando Saddam Hussein se tornou presidente do Iraque, ele decidiu que cumpriria a missão proposta por Nabucodonosor, reconstruindo um palácio ornamentado no local onde supostamente os Jardins Suspensos da Babilônia haviam existido. Ele também inscreveu seu nome nos tijolos do palácio, para estabelecer um legado [fonte: Oxford (em inglês)]. |
Na próxima seção, estudaremos o templo de Ártemis, em Éfeso.
O Templo de Ártemis em Éfeso
Éfeso era a maior cidade da Ásia Menor, que ocupava o território da moderna Turquia. Era um porto grego e uma cidade na qual a magia era importante.
O Templo de Ártemis foi construído originalmente em 550 a.C. pelo rei Creso, da Lídia [fonte: Princeton]. Em termos de aparência, ele era semelhante aos templos gregos clássicos: uma estóica estrutura retangular sustentada por colunas. Suas medidas eram 107 x 55 metros. Visto de fora, sua característica mais notável eram as mais de 100 colunas de mármore.
Construídas no estilo arquitetônico jônico, as colunas eram decoradas com esculturas em alto-relevo em suas bases e com rosetas nos capitéis. Duas fileiras de colunas se estendiam ao longo da porção frontal do templo, distanciadas por 6,4 metros, e a intervalos de 5,18 metros no eixo frontal-traseiro da edificação. Canaletas decoradas por esculturas em formato de cabeça de leão acrescentavam outro elemento de estilo, bem como as estátuas de amazonas de expressão sóbria que ladevam uma porta nopedimento (ou base) do templo. A porta no pedimento - bem como duas janelas - estava reservada a Ártemis.
Construídas no estilo arquitetônico jônico, as colunas eram decoradas com esculturas em alto-relevo em suas bases e com rosetas nos capitéis. Duas fileiras de colunas se estendiam ao longo da porção frontal do templo, distanciadas por 6,4 metros, e a intervalos de 5,18 metros no eixo frontal-traseiro da edificação. Canaletas decoradas por esculturas em formato de cabeça de leão acrescentavam outro elemento de estilo, bem como as estátuas de amazonas de expressão sóbria que ladevam uma porta nopedimento (ou base) do templo. A porta no pedimento - bem como duas janelas - estava reservada a Ártemis.
Do lado de dentro, o templo oferecia talvez a mais fascinante de suas vistas: uma estátua de Ártemis, feita de ouro, prata, ébano e outras pedras.
Ártemis é a interpretação oriental da deusa grega Diana. Na mitologia grega, Diana é conhecida como a deusa da caça e da fertilidade. Ela é, em geral, retratada como uma figura muito atlética. |
A Ártemis do Templo de Éfeso se parecia muito pouco com a deusa da caça. Sua figura foi baseada na da deusa Cibele, a deusa da Terra da Anatólia. O manto que ela vestia estava decorado por imagens de animais e seu xale trazia imagens de abelhas [fonte: PBS (em inglês)]. O aspecto mais interessante da estátua era a fileira de bulbos que pendiam de seu corpo. Os estudiosos debatem o que exatamente eles representavam: seios ou testículos?
A teoria de que eram seios corresponde à representação de Ártemis como deusa da fertilidade, mas a probabilidade de que representassem os testículos de touros sacrificados é ainda maior. Os devotos da deusa teriam sacrificado touros a ela e, alguns relatos afirmam que o culto de Cibele, a deusa que serviu de modelo à estátua, era comandado por sacerdotes que se castravam para melhor emulá-la [fonte: Ward].
A teoria de que eram seios corresponde à representação de Ártemis como deusa da fertilidade, mas a probabilidade de que representassem os testículos de touros sacrificados é ainda maior. Os devotos da deusa teriam sacrificado touros a ela e, alguns relatos afirmam que o culto de Cibele, a deusa que serviu de modelo à estátua, era comandado por sacerdotes que se castravam para melhor emulá-la [fonte: Ward].
Ártemis era não só a deusa padroeira do templo, mas um clarão de conforto para sua cidade. Os escravos fugitivos dormiam à sua sombra e peregrinos viajavam longamente para vê-la. A estátua era tão popular que a economia local era sustentada em larga escala pelo turismo ao templo e pelas réplicas que os visitantes adquiriam como suvenires.
Em 21 de julho de 356 a.C., um piromaníaco chamado Heróstrato ateou um incêndio que destruiu completamente o templo. De acordo com a lenda, Ártemis não pôde salvar seu templo porque estava presente ao nascimento de Alexandre Magno [fonte: Hillman (em inglês)]. O templo foi posteriormente reconstruído, mas não se sabe ao certo em que data. Alexandre ofereceu dinheiro para bancar a reconstrução, mas queria que seu nome ficasse inscrito no templo - oferta que foi delicadamente rejeitada. Quando a edificação foi por fim reconstruída, a escala se tornou ainda mais grandiosa, com um pedimento ainda mais alto e de mármore sólido.
No ano 262 d.C., invasores godos saquearam o templo, e no século 5 d.C., o mármore restante foi usado na reconstrução da cidade. Depois de uma série de terremotos, as ruínas afundaram nas terras alagadas do rio Cayster [fonte: History Channel (em inglês)]. O arqueólogo John Turtle Wood descobriu os restos do templo em 1860. Hoje, uma de suas colunas de mármore está no Museu Britânico.
A seguir, aprenderemos sobre outra estátua formidável: a Estátua de Zeus.
A Estátua de Zeus em Olímpia
Zeus, o rei dos deuses gregos, era representado em formato monumental no Templo de Olímpia, na Grécia. Olímpia era um lugar sagrado e também a sede dos jogos olímpicos. O templo simbolizava o fascínio grego com a idéia de proporção: tinha 64 metros de altura e 72 colunas dóricas. O pedimento e as métopas (decorações em forma de folha por sob o teto) eram esculpidos, e imponentes portas de bronze se abriam para revelar a maravilha que o templo abrigava.
Relatos escritos descrevem o tremor e o espanto dos visitantes diante das dimensões da estátua de Zeus. O artista grego Fídias ficou encarregado de produzir a imagem. Seu trabalho foi iniciado em 450 a.C. e concluído oito anos mais tarde, e resultou em uma obra-prima lendária de marfim e ouro. Marfim era uma escolha incomum como material de escultura, mas talvez tenha representado a escolha natural para uma efígie do rei dos deuses, dada sua raridade [fonte: Times (em inglês)]. Fídias esculpiu Zeus sentado em um trono recoberto de jóias, com as costas bem retas. A estátua tinha 12 metros de altura e observadores dizem que, caso Zeus se levantasse de seu trono, sua cabeça provavelmente ultrapassaria o teto do templo.
O fato mais notável em relação à estátua talvez fosse a expressão de Zeus. Seus olhos pareciam penetrar até mesmo nas mais endurecidas das almas, suscitando piedade [fonte: Smithsonian (em inglês)]. A estátua tinha um objeto em cada mão: na direita, uma estátua de Nike, a deusa da vitória, e na direita um cetro adornado por uma água. O trono de Zeus continha imagens em relevo sobre a mitologia dos deuses, semideuses e outros heróis.
A lenda diz que, ao concluir a escultura, Fídias pediu a benção de Zeus. Em resposta, um relâmpago atingiu o templo.
Fídias era bem conhecido no mundo antigo. Além da estátua de Zeus, também esculpiu a estátua de Atena que existia noPartenon, em Atenas. Ele foi um grande inovador artístico. Ao esculpir Zeus, estava realmente abandonando os modelos da era clássica, na qual a maioria das esculturas eram feitas de mármore. Fídias ganhou reputação por perfeição também no mundo matemático. A proporção áurea (ou número de ouro), também conhecida como número Fi (Φ), vem de seu nome [fonte: Times]. |
Existe alguma controvérsia sobre a datação da estátua em posição dominante no templo. Algumas fontes afirmam que ela foi colocada lá em 450 a.C., outras em 430 a.C. Dada a ameaça cada vez maior do cristianismo aos deuses antigos, alguns gregos pagaram para ter a estátua que amavam removida e protegida em Constantinopla, a moderna Istambul. Os cristãos fecharam o templo em 391 d.C., e a estátua ficou preservada em segurança até o ano de 462 ou 475 d.C., quando foi queimada em um incêndio.
Sabemos um pouco sobre a estátua. Da mesma maneira que a moeda dos Estados Unidos retrata monumentos e rostos importantes, antigas moedas gregas traziam a imagem da conhecida estátua de Zeus. As moedas nos oferecem detalhes sobre a aparência da estátua e, com isso, podemos avaliar a imensa atração que ela exercia sobre os turistas levando em conta a distância a que foram localizadas as moedas de Olímpia.
Em 1950, surgiu uma importante descoberta arqueológica quando o Dr. Emil Kunze e sua equipe localizaram os restos da oficina de escultura de Fídias, perto das ruínas do templo. Usando indícios obtidos de moldes de terracota e ferro, Kunze conseguiu reconstruir a aparência da estátua e o método pelo qual pode ter sido construída. A teoria de Kunze é de que a estátua foi construída de placas finas de ouro estendidas em torno de um modelo de madeira.
Em 1950, surgiu uma importante descoberta arqueológica quando o Dr. Emil Kunze e sua equipe localizaram os restos da oficina de escultura de Fídias, perto das ruínas do templo. Usando indícios obtidos de moldes de terracota e ferro, Kunze conseguiu reconstruir a aparência da estátua e o método pelo qual pode ter sido construída. A teoria de Kunze é de que a estátua foi construída de placas finas de ouro estendidas em torno de um modelo de madeira.
Do deus imortal à imortalização de um rei comum, na próxima seção, nossa exploração das maravilhas antigas nos conduzirá à Turquia
O Mausoléu de Halicarnasso
Muitas das maravilhas se enquadram a algum estilo arquitetônico ou estilístico. O mausoléu audaciosamente desafia a classificação. Seu estilo poderia ser definido por alguns como "exagerado" ou "excessivo". Existe um motivo para isso: depois que a rainha que o encomendou morreu, ele terminou por se tornar uma exibição competitiva entre artistas determinados a exibir as maiores de suas obras. Para esse fim, o mausoléu se tornou uma mistura de esculturas em mármore, entalhes e colunas.
A palavra mausoléu surgiu por conta do rei Mausolo, o soberano persa de Cária, em honra do qual o templo foi construído. Ele reinou no século 4 a.C., em Halicarnasso, a moderna Bodrum, Turquia. Mausolo teve um reinado sem grandes percalços. Casou-se com a irmã, Artemísia, que o amava muito. Quando morreu, a tristeza dela foi tão grande que, segundo uma lenda, ordenou que as cinzas dele fossem misturadas à sua água e comida, para lamentar sua perda [fonte: History Channel (em inglês)].
Para celebrar seu irmão e marido, Artemísia encomendou um grande mausoléu que abrigasse seus restos mortais. Selecionou o arquiteto Pítispara o projeto e contratou quatro escultores para embelezar a edificação (isso queria dizer um escultor para cada face do templo - Pítis esculpiria a estátua que decoraria o ápice do mausoléu). Os escultores selecionados foram Escopas, Briáxis, Leocarés e Timóteo [fonte: Princeton].
Uma colina com vista para a cidade e a baía foi selecionada como local do mausoléu. Os trabalhos foram iniciados em 353 a.C. O mausoléu tinha 45 metros de altura, com uma base de 32 metros; incluía uma pirâmide de 24 degraus e sete metros de altura; e uma estátua encimando o conjunto, com altura de seis metros. O historiador Plínio, da era clássica, escreveu que o perímetro do mausoléu tinha 134 metros [fonte: Princeton]. Escavações mais modernas levaram uma equipe dinamarquesa que trabalhou no local entre 1966 e 1977 a revelar que a construção provavelmente tinha 30 por 36 metros, com 36 colunas de sustentação.
Yoray Liberman/Getty Images Turista caminha pelas ruínas do Mausoléu de Halicarnasso, em Bodrum, Turquia |
A rainha jamais viu pronto o monumento a seu marido. Morreu apenas dois anos depois de Mausolo e foi sepultada com ele. No entanto, os trabalhos no mausoléu continuaram porque os artistas desejavam concluir seus projetos. Entre eles estavam a escultura de Mausolo e Artemísia em um carro puxado por quatro cavalos, obra de Pítis; frisos descrevendo a guerra entre os gregos e as amazonas; diversas corridas e guerras entre os lápitas (o povo da antiga Tessália) e os centauros (criaturas míticas, meio homens, meio cavalos); além de outras esculturas. Hoje, alguns restos dessas esculturas e frisos podem ser vistos no Museu Britânico.
No século 15, terremotos abalaram a fundação do mausoléu, que despencou lentamente. Por volta de 1494, os Cavaleiros de São João de Maltausaram os restos do tempo para reforçar seu castelo. Eles também queimaram colunas de mármore para criar argamassa.
Os Cavaleiros de São João de Malta eram cruzados cristãos. A irmandade foi criada para fornecer assistência médica aos peregrinos religiosos, mas posteriormente se tornou um grupomilitar que protegia a Terra Santa. Hoje, seu castelo em Bodrum é uma atração maior que o mausoléu e algumas porções dos frisos do mausoléu podem ser vistas nas muralhas do castelo [fonte: Princeton]. |
Escavações no mausoléu localizaram coisas bastante interessantes. Em 1522, Charles Guichard localizou a câmara de sepultamento de Artemísia, que continua um sarcófago de alabastro - mas, misteriosamente, nenhum cadáver. A equipe dinamarquesa que escavou o local no fim dos anos 60 encontrou restos de ovos, pombas, carneiros e bois, provavelmente oferecidos ao rei e rainha como alimentos para depois da morte.
Na próxima seção, viajaremos de volta à Grécia para examinar o gigantesco Colosso.
O Colosso de Rodes
O Colosso de Rodes era supostamente a única estátua maior que o poderoso Zeus de Olímpia. Mas ela não durou tanto tempo quanto a de Zeus - pelo menos não verticalmente.
No seculo 3 a.C., a ilha grega de Rodes estava em conflito com os belicosos macedônios, que desejavam a ajuda da ilha em sua guerra contra Ptolomeu 1°, no Egito. Mas a ilha não queria se envolver no conflito. Resistiu aos macedônios, que terminaram por ceder, e deixaram para trás todos os seus suprimentos e equipamentos.
Rodes sentiu tamanha gratidão pela segurança conquistada que decidiu que honraria seu deus padroeiro - Hélios, o deus do Sol - com uma estátua. A cidade vendeu os bens abandonados pelos macedônios para obter odinheiro necessário. Por volta de 294 a.C., o escultor Carés de Lindoscomeçou a trabalhar no colosso. Usando bronze, ferro e pedras como materiais de construção, ele demorou 12 anos a completar a estátua. Ela tinha quase 33 metros de altura quando foi completada - o equivalente a um edifício de 15 andares [fonte: Hillman (em inglês).
Ninguém sabe ao certo que aparência tinha o colosso ou onde ele ficava localizado na ilha. Com base em relatos escritos, estudiosos propõem a hipótese de que se tratava de uma figura ereta, com uma tocha em uma das mãos. E algumas fontes afirmam que o rosto da estátua tomava por modelo o de Alexandre Magno [fonte: Smithsonian (em inglês)]. As lendas dizem que a estátua se postava por sobre o porto, com uma perna de cada lado da entrada, formando um majestoso túnel.
Three Lions/Hulton Archives/Getty Images Visão artística do Colosso de Rodes mostra a estátua posicionada na entrada do porto da ilha, em cerca de 250 a.C. |
Embora existam diversos relatos e ilustrações que sustentam essa teoria (alguns datados da Idade Média, séculos depois da destruição da estátua), parece pouco provável que ele ficasse postada por sobre a entrada do porto. Para começar, Carés não dispunha do conhecimento, material ou capacidade técnica para sustentar o peso da estátua naquela posição. Além disso, a movimentada cidade portuária de Rodes não teria como sustentar seu povo se o porto ficasse inativo pelo tempo necessário a construir a estátua. Em vez disso, é provável que ela tenha sido esculpida no estilo clássico grego, com as pernas plantadas solidamente em alinhamento com os ombros e sobre uma base de apoio. Além disso, o colosso provavelmente se localizava em terra, bem perto do centro da cidade [fonte: Princeton].
O colosso se manteve firme por 53 anos, até que Rodes fosse atingida peloterremoto de 225 a.C. O colosso se partiu na altura dos joelhos e, ao cair, esmagou diversas casas e edificações. Quando os cidadãos de Rodes começaram a pensar em reconstruí-lo, um oráculo (mensagem dos deuses) os aconselhou a não fazê-lo. Por quase quatro séculos, o colosso continuou caído. Plínio escreveu que, mesmo naquela condição, ele continuava a ser uma maravilha. Turistas tentavam abraçar o polegar da estátua, mas ele era grande demais para que conseguissem [fonte: Smithsonian (em inglês)].
Falirak, uma praia turística grega, é conhecida por atrair multidões notoriamente desordeiras. Em um esforço para fazer da cidade um lugar mais familiar, o prefeito Yannis Iatridis anunciou planos de reconstruir Colosso de Rodes. Em 2005, o projeto foi iniciado sob a direção artística do escultor Nikos Kotziamanis. O trabalho deve ser concluído em 2009, ao custo de cerca de 35 milhões de euros. |
Em 653 d.C., os invasores árabes da ilha venderam o colosso caído a negociantes de sucata metálica. Seu legado permanece na imagem de uma famosa estátua criada por Frederic Bartholdi, a Estátua da Liberdade (em inglês).
Nossa última parada na terra das maravilhas nos leva de volta ao começo: o Egito. Terminaremos aprendendo sobre o Farol de Alexandria.
O Farol de Alexandria
Os estudiosos definem o Farol de Alexandria como única maravilha prática, já que tinha um propósito utilitário. Há muitas informações disponível sobre ele, ainda que alguns dos relatos sejam conflitantes. A história do farol começa por Alexandre Magno.
De acordo com Plutarco, Alexandre teve um sonho no qual foi instruído a procurar a pequena ilha de Faros, logo ao largo da costa do Egito. Ele escolheu Ptolemeu 1° Soter, um dos generais de seu exército, para liderar a colonização da ilha. Ptolomeu decidiu que Faros precisava de algo que a identificasse, simbólica e literalmente, pois a costa era difícil de navegar.
Alguns estudiosos atribuem a idéia do farol a Ptolomeu e outros a atribuem ao mouseion, um conselho consultivo do governo [fonte: Smithsonian (em inglês)]. A construção começou por volta de 285 a.C. Um homem chamadoSóstrates de Cnido teve papel decisivo no processo. Alguns relatos o apontam como patrocinador financeiro da obra. O farol custou cerca de 800talentos, ou barras de prata, o equivalente a cerca de US$ 3 milhões [fonte: Princeton]. Outros relatos o apontam como arquiteto do farol.
Supostamente, Sóstrates estava tão orgulhoso de sua criação que pediu que seu nome fosse inscrito no farol. Ptolomeu 2°, que havia sucedido ao pai como soberano quando o projeto foi concluído, recusou o pedido de Sóstrates. Sóstrates inscreveu seu nome mesmo assim, recobrindo a inscrição com uma inscrição em gesso que portava o nome de Ptolomeu. Com o tempo, o gesso se desgastou e desapareceu, revelando a inscrição original. |
Ainda que não saibamos ao certo quem foi o arquiteto do farol, estamos certos sobre o projeto. Ele foi construído de mármore e argamassa, e tinha três andares. O primeiro nível era retangular, o segundo octogonal e o terceiro cilíndrico. Por sobre o terceiro piso existia uma estátua - ou de Zeus ou de Poseidon, deus do mar. Relatos de viajantes mouros do século 10 d.C. estimam a altura do farol em 300 cúbitos, ou 137 metros.
Uma rampa em espiral conduzia à entrada. Carroças e cavalos podiam subir às centenas de salas de armazenagem no primeiro pavimento. O acesso aos pisos superiores era realizado por escadas em espiral. Monta-cargas transportavam suprimentos à torre mais elevada.
Insa Korth/AFP/Getty Images Escultores alemães trabalham em uma réplica de areia do farol, em um campeonato de esculturas de areia em Travemünde, julho de 2003 |
Os navios podiam supostamente avistar o farol a 160 quilômetros de distância [fonte:PharosLighthouse.org (em inglês)]. Durante o dia, a luz era refletida do sol, com a ajuda de um disco côncavo de metal; de noite, ela vinha de uma fogueira, alimentada por lenha ou esterco ressecado de animais. O farol sobreviveu a mais de 22 terremotos antes de seu colapso em 1303 [fonte: Clement(em inglês)]. As pessoas de Faros amavam muito o farol - ele era fonte de receita e poder para a ilha. O povo tentou consertar e restaurar o farol, entre os séculos 9 e 13, quando se tornou claro que não seria possível salvá-lo.
Hoje, há um forte construído no local do farol. A identidade de Faros se misturou tanto à do farol que este terminou por se tornar conhecido como Faros de Alexandria. "Pharos" é, igualmente, a raiz da palavra usada para "farol" em diferentes idiomas. E o conhecimento sobre ele aumentou depois que uma expedição arqueológica de mergulho em 1994 encontrou restos submersos da construção.
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