Isto parece plausível quando lemos uma história que se passa em um mundo fictício repleto de bruxas, magos e magia; mas no mundo real tal vestimenta seria impossível, não é? Nem tanto. Com a tecnologia de camuflagem ótica desenvolvida por cientistas da Universidade de Tóquio, a capa da invisibilidade já é uma realidade.
Foto: cortesia do Laboratório Tachi, Universidade de Tóquio A tecnologia de camuflagem ótica desenvolvida na Universidade de Tóquio Ver (ou não ver) para crer
Ainda assim, apesar das suas limitações, é uma tecnologia bacana e já existe há algum tempo. Realidade alteradaA camuflagem ótica não funciona por magia e sim através da realidade aumentada - um tipo de tecnologia que foi desenvolvida nos anos 60 por Ivan Sutherland e seus alunos das universidades de Harvard e Utah. Você pode ler mais sobre realidade aumentada em Como funcionará a realidade aumentada, mas uma recapitulação será útil.Os sistemas de realidade aumentada adicionam informações geradas por computador às percepções sensoriais do usuário. Imagine, por exemplo, que você está andando por uma rua da cidade. Conforme você olha à sua volta, informações adicionais aparecem para enriquecer sua visão normal. Pode ser o cardápio do dia de um restaurante, os horários dos espetáculos em um teatro, ou a tabela de horários dos ônibus em um ponto de ônibus. O que é fundamental entender aqui é que realidade aumentada não é a mesma coisa que realidade virtual. Enquanto a realidade virtual tem por objetivo substituir o mundo, a realidade aumentada tenta suplementá-lo com conteúdo adicional útil.
A maioria dos sistemas de realidade aumentada requer que os usuários olhem através de um aparato especial para enxergar uma cena do mundo real realçada com gráficos sintetizados. Também requerem um computador de alta performance. A camuflagem ótica também requer estas coisas, além de vários outros componentes. Os itens necessários para fazer uma pessoa parecer invisível são:
Vamos ver cada um destes componentes em detalhes. A capaA capa que faz com que a camuflagem ótica funcione é feita de um material especial conhecido como retro-refletivo.
O material retro-refletivo é coberto por milhares e milhares de bolinhas (pequeninas contas). Quando a luz bate em uma delas, os raios de luz rebatem e voltam exatamente para a mesma direção de onde vieram. Para entender a singularidade deste processo, basta ver como a luz reflete em outros tipos de superfície. Uma superfície áspera cria um reflexo difuso porque os raios de luz incidentes (que chegam) dispersam-se em várias direções diferentes. Uma superfície totalmente lisa, como a de um espelho, cria o que chamamos de reflexo especular - um reflexo em que os raios de luz incidentes e os raios de luz refletidos formam exatamente o mesmo ângulo com a superfície do espelho. Na retro-reflexão, as bolinhas de vidro agem como prismas, dobrando os raios de luz através de um processo conhecido como refração. Isto faz com que os raios de luz refletidos viajem de volta pelo mesmo caminho que os raios de luz incidentes. O resultado: um observador posicionado na origem da luz recebe mais luz refletida e, portanto, vê um reflexo mais brilhante. Materiais retro-refletivos são muito comuns. Placas de trânsito, marcadores nas estradas (olhos-de-gato) e refletores de bicicleta usam a retro-reflexão para tornarem-se mais visíveis para as pessoas que dirigem à noite. As telas da maioria das salas de cinema hoje também aproveitam este material porque ele fornece mais brilho em ambientes de pouca luz. Na camuflagem ótica, o uso de material retro-refletivo é fundamental porque ele pode ser visto de longe e em ambientes externos sob o sol, dois requisitos para a ilusão da invisibilidade. A câmera de vídeo e o computadorCâmera de vídeo
ComputadorTodos os sistemas de realidade aumentada se baseiam em computadores de alta performance para sintetizar gráficos e então sobrepô-los à imagem do mundo real. Para que a camuflagem ótica funcione, a dupla hardware/software precisa pegar a imagem capturada da câmera de vídeo, calcular a perspectiva apropriada para simular a realidade e transformar a imagem capturada na imagem que será projetada no material retro-refletivo. O projetor e o combinadorO projetor
O combinador O sistema requer um espelho especial tanto para refletir a imagem projetada em direção à capa como para deixar os raios de luz que bateram na capa voltarem para o olho do usuário. Esse espelho especial é chamado de divisor de feixe, ou combinador - um espelho semi-prateado que tanto reflete luz (a metade prateada) quanto transmite luz (a metade transparente). Se for posicionado em frente ao olho do usuário, o combinador permite que o usuário perceba tanto a imagem realçada pelo computador quanto a luz do ambiente à sua volta. Isto é fundamental, pois a imagem gerada por computador e a cena do mundo real devem estar plenamente integradas para a ilusão da invisibilidade parecer realista. O usuário tem que olhar através deste espelho para ver a realidade aumentada. O sistema completoAgora vamos juntar todos estes componentes para vermos como a capa da invisibilidade faz uma pessoa ficar transparente. O diagrama abaixo mostra a montagem de todos os dispositivos e equipamentos.Assim que a pessoa coloca a capa feita de material retro-refletivo, acontece a seguinte seqüência de eventos:
Vídeo-capacetesMas é claro que fazer o observador ficar atrás de um combinador parado não é lá muito prático - nenhum sistema de realidade aumentada seria muito útil se o usuário tivesse que ficar em um ponto fixo. É por isto que a maioria dos sistemas requer que o usuário carregue o computador consigo em uma mochila ou preso à cintura. É também por esta razão que a maioria dos sistemas usa o vídeo-capacete, ou HMD (do inglês head-mounted display), que reúne o combinador e a parte ótica em um dispositivo que pode ser ajustado sobre o corpo.Há dois tipos de HMDs: displays transparentes óticos e displays transparentes de vídeo. Os displays transparentes óticos parecem óculos hi-tech, como os óculos que o Ciclope (em inglês) usa nos quadrinhos e nos filmes dos X-Men. Estes óculos fornecem um display e a parte ótica para cada olho, então o usuário vê a realidade aumentada em estéreo. Osdisplays transparentes de vídeo, por outro lado, usam tecnologia de mixagem de vídeo para combinar a imagem de uma câmera presa à cabeça do usuário com gráficos gerados por computador.
Nesta montagem, o vídeo do mundo real é misturado com gráficos sintetizados e então exibido em um display de cristal líquido. A grande vantagem deste sistema é que objetos virtuais podem obscurecer totalmente objetos do mundo real e vice-versa. Os cientistas que desenvolveram a tecnologia da camuflagem ótica estão atualmente aperfeiçoando uma variação do display transparente de vídeo que reúne todos os componentes necessários para fazer a capa da invisibilidade funcionar.
Eles chamam seu aparato de capacete-projetor (HMP, do inglês head-mounted projector) porque a unidade de projeção é parte integrante do capacete. Dois projetores, um para cada olho, são necessários para produzir um efeito estereoscópico. Aplicações no mundo realApesar de ser uma aplicação interessante da camuflagem ótica, a capa da invisibilidade é provavelmente a menos útil. Existem práticas mais úteis para a aplicação desta tecnologia:
No momento, a tele-existência mútua é ficção científica, mas não será por muito tempo desde que os cientistas continuem expandindo as fronteiras da tecnologia. Por exemplo, jogos pervasivos já estão se tornando realidade. Os jogos pervasivos estendem as experiências do jogo para o mundo real, seja nas ruas da cidade ou em selvas remotas. Jogadores com displays móveis circulam pelo ambiente enquanto sensores capturam informação do ambiente, inclusive a sua localização. Esta informação é usada para permitir aos usuários uma experiência de jogo que muda conforme o lugar onde eles estejam e o que estejam fazendo. Para mais informações sobre a capa da invisibilidade, camuflagem ótica e tópicos relacionados, confira os links na próxima página. |
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