quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

10 maiores fraudes científicas

No fim de 2009, hackers invadiram um servidor da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e roubaram cerca de três mil e-mails que ao serem divulgados puseram em dúvida a atitude dos climatologistas defensores da tese de que o aquecimento global é causado pela ação humana. O caso que ficou conhecido como "climagate" reacendeu o debate sobre a ética científica e mostrou que muitos cientistas não são nem um pouco santos quando se trata de defender seus argumentos.

Mas o climagate não só colocou sob suspeita a ideia de que as mudanças climáticas têm causas antropogênicas como trouxe de volta o fantasma de fraudes e embustes que já assombraram as grandes descobertas feitas pela ciência. Ao longo dos séculos essas tentativas de fazer trotes científicos só serviram para alimentar os argumentos daqueles que se opõem às principais teorias, como o evolucionismo. Nas próximas páginas, conheça quais foram dez das maiores fraudes científicas que colocaram em risco a credibilidade de investigações sérias.

Galinha-dinossauro


Maiores fraudes da ciência
Reprodução
Ilustração do que seria o Archaeoraptor segundo a revista National Geographic
Em novembro de 1999 a prestigiosa revista National Geographic trouxe uma matéria surpreendente. Ela tratava da descoberta de um fóssil na China que seria o elo perdido entre os répteis e as aves. Apesar de não ser uma revista científica, como a Nature em que os artigos são revisados por outros cientistas, a National Geographic tem uma alta credibilidade e neste caso sua descoberta foi sustentada pela avaliação de dois respeitados paleontólogos. O problema foi que Xing Xu, do Instituto de Paleontologia Vertebrada e de Paleoantropologia, de Pequim, e Philip Currie, do Museu de Paleontologia de Alberta, no Canadá, dedicaram apenas dois dias para a análise do fóssil antes de confirmarem que tratava-se da mais sensacional descoberta dos últimos tempos. O fóssil que parecia uma mistura de um galináceo e um velociraptor ganhou o nome científico deArchaeoraptor liaoningensis, espécie que teria vivido na China há 125 milhões de anos. Um mês depois, o próprio Xing Xu percebeu que havia se enganado. Ele descobriu que o rabo do fóssil pertencia na verdade a outro dinossauro e que o Archaeoraptor nada mais era do que uma montagem feita por alguém louco para ganhar dinheiro no disputado mercado ilegal de fósseis.

Cópia falsa


Maiores fraudes da ciência
©iStockphoto.com/Antonis Papantoniou
Clonar um ser humano teria deixado de ser ficção científica em 2004 se o veterinário Woo-Suk Hwang, da Universidade Nacional de Seul (Coréia do Sul), não estivesse trapaceando. O cientista coreano anunciou que havia clonado o primeiro embrião humano, abrindo as portas para uma revolução na medicina. Sua proeza, que ao longo de um ano teria resultado em mais 11 clones, e 11 linhagens de células-tronco, foi ratificada pela Science, uma das mais importantes revistas científicas do mundo. Hwang virou uma celebridade, foi condecorado e considerado herói nacional, além de receber milhões de dólares para suas pesquisas. Mas pouco tempo depois, denúncias de erros éticos cometidos por Hwang levaram a uma investigação que concluiu que ele não havia clonado nenhum embrião humano, nem  células-tronco embrionárias. O máximo que Hwang havia conseguido foi criar Snuppy, o primeiro cachorro clonado. A farsa foi construída usando embriões comuns, obtidos a partir da compra de óvulos e da coação da sua equipe, e montagens fotográficas.

Água benta

Em 1988, os adeptos da homeopatiaacreditaram que finalmente a ciência reconhecera a eficácia desse tipo de tratamento. Isso porque o médico imunologista francês Jacques Benveniste publicou um artigo na revistaNature que mostrava que a água tinha memória, isto é, que ela guardava traços  dos elementos que haviam entrado em contato com ela. Como a terapia homeopática baseia-se na ideia da diluição de uma substância ativa na água até que não sobre mais nada dessa substância no remédio, a proposição de Benveniste era a "prova científica" para a eficácia do tratamento. O problema é que ninguém, fora os hoemopatas, levou o artigo de Benveniste muito a sério, pois sua hipótese nunca conseguiu ser reproduzida em laboratório. Para piorar, uma nova pesquisa divulgada em 2005 também pela revista Nature e realizada pelo pesquisador R.J. Dwayne Miller, da Universidade de Toronto (Canadá), e por cientistas do Instituto Max Born, da Alemanha, mostrou que a proposta de que a água retenha alguma "memória" de substâncias com que teve contato está errada. Nessa pesquisa, os cientistas não buscavam criticar o princípio homeopático, mas entender como a água funciona. Mas, mesmo sem querer, eles acabaram jogando um balde de água fria na ideia de Benveniste.
Água

Reprodução
Água com "memória"?

Elementos sob suspeita


Maiores fraudes da ciência
©iStockphoto.com/Starush
Em 1999, o físico Victor Ninov anunciou a criação em laboratório de dois novos elementos químicos: o 116 e o 118, que seria o elemento químico mais pesado e ganharia o nome de "ununoctium". Mas ninguém conseguiu reproduzir o experimento e numa investigação concluiu-se que o físico havia forjado os resultados. Ninov trabalhava na época para o The Ernest Orlando Lawrence Berkeley National Laboratory, pertencente ao governo norte-americano, e já era famoso por junto com sua equipe ter obtido os elementos químicos 111 e 112. As investigações mostraram que Ninov havia inserido falso dados na pesquisa e ele foi demitido em 2001. O cientista afirmou ser inocente e que nunca teve a intenção de cometer qualquer tipo de embuste. Ele alegou ser um bode expiatório e que o processo que resultou em sua demissão fazia parte de um complô internacional contra suas pesquisas.

Supercondutividade fraudulenta


Maiores fraudes da ciência
©iStockphoto.com/Frenchmen77
Como duvidar de um cientista que tem em um mesmo ano oito artigos publicado na Science e na Nature, as duas mais respeitadas e rigorosas revistas de ciência do mundo, e ganha três dos mais importantes prêmios científicos? Isso é possível graças a um ceticismo inerente aos cientistas, que faz com que a ciência tenha a possibilidade de corrigir os enganos construídos pelas mais engenhosas fraudes. O fraudador nesse caso é o físico alemão Jan Hendrik Schön, que trabalhando para a empresa Bell Labs teria desenvolvido um transistor em escala molecular a partir de moléculas orgânicas mortas. O embuste de Schön veio à tona quando dois físicos tentaram usar os resultados dos experimentos do alemão como parâmetro para suas pesquisas e notaram que havia algo errado. A Bell Labs iniciou uma investigação e surpreendentemente descobriu que os dados da pesquisa de Schön haviam sido "deletados". Ele foi demitido, perdeu seu título de Ph.D. e quase todos os seus artigos foram retirados das publicações científicas. O caso Schön levou a um intenso debate sobre a eficácia da revisão dos artigos dos cientistas por seus pares. 

Design inteligente


Design
Reprodução
Os adversários do evolucionismoresolveram construir sua própria teoria científica para tentar explicar racionalmente os atos de criação divina. Essa versão "científica" elaborada peloscriacionistas não chega a ser ciência de verdade, pois não segue os métodos científicos, mas eles se esforçam para fazer parecer que é. A ideia de que há umdesigner inteligente e sobrenatural atuando sobre o universo é defendida em várias teorias, nem sempre coesas e coerentes entre elas, por cientistas como o bioquímico Michael J. Behe, da Lehigh University, e o biologista molecular Jonathan Wells, do Instituto Discovery para Ciência e Cultura. Um dos argumentos "científicos" usados pelo design inteligente é o da complexidade irredutível. Segundo Behe, existem estruturas biológicas que não poderiam ter evoluído de um estado mais simples. Elas seriam irredutivelmente complexas e portanto seria impossível que pudessem ter "evoluído" a partir de estruturas menos complexas, pois essas não teriam condições de existir. Para os cientistas, por não ser um método empírico, o design inteligente não é ciência e sim filosofia.

A tribo dos Krippendorf


Tribo Tasaday
Reprodução / www.tasaday.com
Tasaday tentando descobrir o fogo no século 20
James Krippendorf é um fictício professor de antropologia vivido por Richard Dreyfuss no filme  "A Tribo dos Krippendorf" (1998). Na película, ele fantasia sua família como habitantes primitivos de uma tribo da Nova Guiné, para justificar a verba que recebeu do governo para suas pesquisas. Isso foi mais ou menos o que o governo filipino fez nos anos 70 e que acabou levando na conversa (mais uma vez) a National Geographic e a BBC, entre outras. Segundo foi noticiado na época, uma comunidade "perdida", chamada de tribo Tasaday, havia sido encontrada nas Filipinas. Seus habitantes viviam como na Idade da Pedra, com hábitos e comportamentos pré-históricos, na ilha de Mindanao. Atropólogos fizeram expedições para conhecer o misterioso povo Tasaday, que estaria isolado há pelo menos dois mil anos e não conhecia a agricultura. Detalhes de sua cultura, como a alimentação, seus rituais e sua linguagem, foram revelados ao mundo. A tribo Tasaday ficou famosa, com visitantes e pesquisadores ilustres querendo conhecê-la e reportagens e documentários contando sua fantástica história para o mundo. O problema é que a tribo foi uma invenção do governo filipino, então sob a tirania de Ferdinand Marcos. Somente após a queda de Marcos, em 1986, foi possível descobrir que a tribo era uma farsa. Sem as restrições governamentais, os antropólogos puderam verificar que os pré-históricos Tasaday não moravam em cavernas e usavam jeans e camisetas enquanto não estavam fingindo ser homens da Idade da Pedra. 

Bebês-coelhos


Coelho
© Thomas Stange / iStock
No século 18, os médicos reais eram muito respeitados e considerados homens da ciência. Por isso, quando um dos médicos do Rei George, da Inglaterra, narrou o caso da mulher que deu a luz a 16 coelhinhos as pessoas não só acreditaram como ficaram estupefatas com o acontecimento. A mulher em questão era Mary Toft que ficou grávida em 1726 e logo sofreu um aborto. Só que Mary tinha fascinação por coelhos e alegou que tinha dado a luz a 16 desses bichinhos. Vários cirurgiões foram chamados para analisar o caso, inclusive vários médicos da realeza britânica. À medida que cada um confirmava a história dela, o ceticismo do rei cedia e Mary acabou indo para Londres para ter seu caso mais profundamente analisado pelos cientistas. Mas a mamãe coelha não resistiu muito tempo e logo confessou a farsa. Ela acabou presa por fraude e a comunidade médica britânica perdeu boa parte de sua credibilidade.

O gigante de Cardiff


Gigante de Cardiff
Reprodução
Será que era o Golias?
O gigante de Cardiff é a típica fraude que logo é desmascarada pela ciência mas que, mesmo assim, permanece como uma "verdade" para boa parte da população. Em outubro de 1869, um fazendeiro da região de Cardiff, no Estado de Nova York (EUA), alegou ter descoberto em suas terras o "fóssil" de um homem gigante de cerca de três metros de altura petrificado. Muitos religiosos acreditavam ser esta a prova de que nos tempos pré-diluvianos esses gigantes existiram de fato, como na narrativa bíblica de Davi e Golias. Os cientistas logo constataram que tratava-se de uma peça esculpida em gesso e enterrada no local alguns anos antes. Mas isso não impediu que as pessoas de várias partes viajassem até Nova York e pagassem ingresso para ver o gigante de Cardiff, uma "prova verdadeira" dos relatos bíblicos.  

O homem de Piltdown


Maiores fraudes da ciência
©iStockphoto.com/Illustration by Dennis Cox
Ele definitivamente não era o elo perdido
Este foi o maior e mais duradouro embuste da história da ciência moderna. No começo do século 20, o geólogo britânico Charles Dawnson teria encontrado o elo perdido, a prova definitiva da Teoria da Evolução, de Charles Darwin. Mas a paleontologia e a antropologia são os campos científicos onde as fraudes mais prosperaram e este é o maior exemplo. Em 1912, Dawson apresentou à comunidade científica um crânio que ele teria encontrado em uma mina de cascalho em Piltdown, na Inglaterra. O fóssil revelava uma espécie desconhecida na evolução humana e preenchia exatamente o elo evolutivo entre os macacos e o homem. Somente quatro décadas após a descoberta, a fraude foi revelada. O avanço tecnológico permitiu identificar que o fóssil do "homem de Piltdown" era o resultado da junção de um crânio humano com a mandíbula de um orangotango. Não se sabe se o crânio fraudulento foi preparado pelo próprio Dawson, que morreu em 1916, ou se ele apenas o encontrou e também foi enganado pela armação. 

A verdade por trás dos primeiros passos da humanidade

Refazendo a Escalada do Homem

Quase 150 anos após Charles Darwin ter divulgado sua teoria da evolução, muitos conceitos equivocados sobre nossas origens ainda permanecem.

A primeira edição de Sobre a Origem das Espécies não faz menção explícita à evolução humana. O naturalista britânico Charles Darwin, que publicou o livro em 1859, afirma apenas que “será lançada luz sobre a origem do homem e sua história”. O tenso jovem cientista preferiu induzir os leitores a tirarem suas próprias conclusões. E foi o que eles fizeram.

Ao ouvir a teoria, diz-se que a esposa do bispo de Worcester teria exclamado: “Querido, esperemos que isso não seja verdade, mas, se for, vamos rezar para que não seja do conhecimento de todos.” No entanto, condenada nos púlpitos das igrejas de toda a Grã-Bretanha e debatida em artigos e charges de jornal, a teoria rapidamente ganhou notoriedade. Na mente popular, reduziu-se ao seguinte simplismo: “o homem descende dos macacos”, um conceito impreciso que ainda é o corrente nos nossos dias. Após tanto escândalo e controvérsia, Darwin deve ter concluído que deveria ir mais fundo na questão em edições posteriores, pois promoveu uma relevante alteração na passagem já citada: “será lançada muita luz sobre a origem do homem...”
Ao contrário do que a opinião pública concluiu a partir da frase “o homemveio dos macacos”, o homem não descende de chimpanzés ou gorilas. Em algum lugar do passado, partilhamos com tais símios um ancestral comum. Embora não pareça, esse detalhe é crucial para entender a evolução do homem e para marcar nossa posição na natureza. Ao olhar para chimpanzés e gorilas, não encaramos nossos ancestrais, mas primos modernos.
Esse equívoco é reforçado há muito pela “Escalada do Homem”, ilustração exibida em livros e enciclopédias em que a suposta seqüência de ancestrais do homem moderno é exibida como uma fila indiana de primatas, sugerindo um único estágio evolucionário dos símios ao homem – uma conexão direta que simplesmente não existe. A maioria dos cientistas redesenharia hoje a ilustração para exibir a grande diversidade de espécies, das quais apenas uma é a ancestral comum de humanos e grandes símios modernos. A partir de um pequeno grupo, um processo de adaptação levou até nós, os hominídeos. De outro desses grupos vieram os grandes macacos. 
Mesmo com essa ressalva, talvez seja melhor abandonar aquela ilustração, pois ela dá margem a outro erro de interpretação. A progressão exibida pela “Escalada” sugere um bebê humano aprendendo primeiro a engatinhar, e em seguida a andar. Mostra um Homo sapiens, ou homem moderno, ereto sobre os dois pés, destacando-se nobremente da postura curvada de um tosco primata ancestral. Análises mais precisas de fósseis e o novo campo do DNA, porém, alteraram tal visão de forma inexorável.
Nossos ancestrais não eram bem assim...
A progressão gradual da postura quadrúpede para bípede, como exibida abaixo, está quase com certeza errada. Nossos ancestrais estavam aptos a andar eretos bem antes do que se supunha quando a primeira ilustração da série “Escalada do Homem” foi publicada. De fato, como os chimpanzés de hoje, nossos ancestrais primatas provavelmente já podiam se erguer sobre duas pernas sempre que lhes conviesse.
Não há evidência de uma criatura que andasse “curvada para a frente”, numa postura entre quadrúpede e bípede, como ilustram a segunda, terceira e quarta figuras da fila. Outro erro comum em muitos dos primeiros diagramas era incluir os neandertais como parte da linhagem. Eles não eram nossos ancestrais, pois descendemos diretamente de um tipo de Homo erectus, assim como eles.

De pé para vencer

O apoio sobre os nós dos dedos é a característica do andar quadrúpede de chimpanzés e gorilas. Embora vivam principalmente no solo, costumam também escalar árvores. Conforme se balançam nas copas, seus pés e mãos envolvem os galhos, com o polegar separado para agarrar. Aparentemente essa forma especializada de andar se desenvolveu em algumas espécies de primatas, enquanto outras experienciaram o bipedalismo. Há diversas vantagens na postura bípede. Simulações em computador mostraram que em velocidades baixas os primatas deslocam-se de modo muito mais eficiente sobre dois pés do que como quadrúpedes. Ou seja, conseguem cobrir distâncias maiores gastando menos energia.
A capacidade de cobrir mais terreno durante o dia deve ter fornecido o apoio adaptativo crucial para os grupos isolados de primatas dos quais evoluímos. Andar sobre os dois pés libera as mãos para transportar comida, e parece provável que a competição intensa por alimentos da floresta levou à necessidade de que a comida coletada fosse trazida do terreno aberto para a segurança da floresta. Isso explica a adaptação, mas as pesquisas prosseguem no sentido de determinar que ambientes os australopitecíneos preferiam.
Outra teoria que ganha apoio analisa como as criaturas enfrentavam osol africano quando deixavam as árvores para coletar alimentos na savana. Numa postura ereta, o corpo absorve muito menos radiação solar do que sobre quatro membros, de modo que a posição bípede pode ter capacitado essas criaturas a permanecer mais tempo expostas ao sol.

O que de fato aconteceu

Os ancestrais comuns aos grandes macacos e ao homem moderno surgiram por volta de 35 milhões de anos atrás, quando a Terra era realmente o “planeta dos macacos”. Dúzias de espécies de primatas - monos, grandes símios e lêmures - habitavam as florestas da África durante o Mioceno. Mas em algum tempo entre 10 e 5 milhões de anos atrás a temperatura caiu e as florestas começaram a dar lugar às savanas.
O hábitat dos grandes primatas diminuía, e o que restou das florestas foi ocupado pelos ancestrais dos macacos modernos, de reprodução mais rápida, que parecem ter sido mais adaptáveis ao ambiente arborícola, superando as espécies mais pesadas e lentas. Expulsos da floresta, muitos dos antropóides ancestrais sumiram. Os que sobreviveram adaptaram-se aos poucos ao novo ambiente. E a natureza dessas mudanças está registrada nos fósseis. Um crânio descoberto recentemente no Chade trouxe-nos uma noção da fisionomia de nossos ancestrais pré-históricos. Toumaï, que significa “esperança de vida” na língua local, teve a idade estimada em 7 milhões de anos.
Mesmo o mais fragmentário dos achados fósseis pode fornecer aos paleontologistas grandes indícios sobre como nossos ancestrais viviam e, principalmente, se deslocavam. 
A posição da articulação entre o crânio e a espinha dorsal, por exemplo, pode mostrar a postura que a criatura adotava. Se a articulação estiver na parte posterior do crânio, a criatura se deslocava sobre os quatro membros e erguia a cabeça para enxergar à frente. Se for na parte anterior do crânio, sua cabeça ficava no alto de um torso vertical - e ela andava apenas sobre dois pés.

Voltando no tempo
Toumaï foi classificado como bípede, o que significa que nossos ancestrais já andavam numa postura ereta há 7 milhões de anos, bem mais cedo do que se pensava. Mas ele mostrou que o desenvolvimento dos ossos da perna de determinados australopitecíneos requereu longo tempo, pois são muito diferentes dos outros grandes primatas. Parece que o bipedalismo não funcionou para todas as espécies que o adotaram. O meio foi decisivo no uso de duas pernas.
A “Escalada do Homem” está errada - nós não nos apoiamos sobre quatro membros e em seguida ficamos de pé, mas adotamos a adaptação que nos separou dos grandes macacos, talvez a mais importante na longa história do desenvolvimento humano - independente do que a esposa do bispo de Worcester pudesse achar.

Charles Darwin foi ridicularizado em caricaturas e acusado de blasfemo pelo clero vitoriano. Mas um de seus defensores, Thomas Huxley, afirmou que preferiria ter um “símio coitado” como ancestral a um bispo que usa seu cérebro “com o mero propósito de introduzir o ridículo numa discussão científica séria.” 

...eles eram assim

Nos montes Tugen, no Quênia, fósseis classificados como Orrorin tugenensis mudaram a “Escalada do Homem”. Eles têm cerca de 6 milhões de anos, época em que os ancestrais humanos divergiram do ramo dos grandes símios.

Os ossos (à direita) apresentam uma mescla de traços de grandes símios e hominídeos. Os ossos dos braços são alongados e as articulações dos ombros ofereciam mobilidade para se pendurar e balançar nas árvores, enquanto os fêmures têm traços de bipedalismo. Um deles tem um sulco distinto que é idêntico ao criado nos fêmures humanos por um tendão que flexiona a articulação pélvica. O esforço neste tendão é causado pelo andar bípede. Marcas nos ossos revelam a posição e a extensão da musculatura corporal. Os músculos também sugerem que os primeiros hominídeos ainda mantinham força na parte superior do corpo para escalar árvores. Seus dedos suportavam o peso corporal enquanto balançavam-se de um galho a outro. 
Em esqueletos posteriores, a bacia e os ossos da perna são característicos do bipedalismo simples, o que significa que tais criaturas teriam de sustentar o peso do corpo alternadamente sobre um lado e sobre outro, oscilando a pélvis. A postura ao caminhar seria totalmente ereta.

Caminhando no tempo

A descoberta de uma trilha de pegadas antiqüíssimas em 1979 causou sensação. Elas foram deixadas numa camada de cinzas vulcânicas na Tanzânia, tendo sido depois fixadas pela chuva e fossilizadas por 3,6 milhões de anos. Esses rastros provam que em tempos tão remotos o bipedalismo já havia sido adotado: o dedo maior do pé já não se opunha aos demais como nos grandes símios de hoje; a transferência do peso ao longo da planta dos pés era suave e balanceada. Os grandes macacos podem andar sobre dois pés, mas deixam pegadas características porque seus corpos oscilam e os pés rolam lateralmente a cada passada. Nossos ancestrais primitivos caminhavam assim. As pegadas produzidas por humanos modernos são diferentes, pois o peso corporal se distribui pelo arco do pé e depois pelos artelhos.

O primeiro casal

Os pés que fizeram os rastros de Laetoli eram mais de humanos que de símios. A proximidade das duas séries sugere que se tratava de um macho e uma fêmea andando lado a lado, na mesma cadência. Um modelo em escala mostrou que isso seria possível (à direita). Alguns crêem que um terceiro conjunto seria de uma criança, que teria pisado por brincadeira sobre as pegadas já feitas.

O crânio fragmentado de Toumaï, nosso ancestral de 7 milhões de anos, tem uma face achatada, uma alta saliência superciliar e o volumecerebral de um chimpanzé. Mas ele andava ereto sobre dois pés, diferentemente dos grandes macacos de hoje.

Árvore genealógica

Apesar de os humanos não descenderem dos grandes macacos modernos, todos compartilhamos um ancestral comum. Modernos estudos de DNA mostram que nossa linhagem se separou da deles entre 6 e 8 milhões de anos atrás. 

Acrocantossauro

Período: início do Cretáceo.
Ordem, subordem, família: Saurischia, Theropoda, Megalosauridae.
Localização: América do Norte.
Comprimento: 7,5 metros.
Acrocanthosaurus atokensis
Brian Franczak
Acrocanthosaurus atokensis
Até recentemente, o acrocantossauro não era bem conhecido. Esse dinossauro tinha algumas características muito semelhantes às de outros dinossauros carnívoros: cabeça grande, patas traseiras fortes, e uma longa e esguia cauda que equilibrava o corpo do animal durante uma corrida. Mas o acrocantossauro tinha uma característica que o tornava muito diferente: uma alta "vela" localizada ao longo de seu pescoço, dorso e cauda. A vela era formada por protuberâncias longas dos ossos da coluna vertebral. Algumas dessas protuberâncias chegavam a atingir comprimento de 30 centímetros. No caso do tiranossauro, as protuberâncias têm metade desse comprimento.
Os cientistas debatem quanto à finalidade da vela dorsal do acrocantossauro. Alguns acreditam que talvez servisse para liberar calor em dias muito quentes. Outros acreditam que era usada provavelmente para exibição e que ajudava o animal parecer maior quando enfrentasse rivais em disputa de territórios ou de parceiras (em uma analogia ao pêlo arrepiado e costas arqueadas que um gato exibe para parecer maior). 
Não foram localizados esqueletos completos do acrocantossauro. Os paleontologistas conseguiram construir um animal usando partes de três esqueletos (um deles tinha um crânio de cerca de um metro). Um acrocantossauro teria altura de cerca de três metros e peso de cerca de duas a três toneladas.
Cientistas encontraram pegadas, provavelmente deixadas por acrocantossauros, em diversos locais do Texas. Em um desses locais, aparentemente um acrocantossauro estava seguindo um grande saurópode por uma região lodosa (quando as pegadas do saurópode mudavam de direção, as do acrocantossauro também mudavam). Não se sabe o resultado da perseguição, pois o fim da trilha não foi encontrado. 
Houve outros dinossauros carnívoros de espinha alongada na Europa e na África, mas os paleontologistas não sabem como o acrocantossauro estaria relacionado a eles. O altispinax tinha uma vela elevada de quase um metro, e o espinossauro uma vela de cerca de 1,80 metro.

Albertossauro

Período: Cretáceo Tardio (em inglês).
Ordem, subordem, família: Saurischia, Theropoda, Tyrannosauridae.
Localização: América do Norte.
Comprimento: 9 metros.
Albertosaurus
Ann Ronan Picture Library
Albertossauro adulto em companhia de animal jovem
O albertossauro era um "primo" mais velho do tiranossauro, um dinossauro mais conhecido. Os dois eram bastante parecidos: cabeças grandes em comparação com o corpo, braços curtos com mãos de dois dedos e uma longa cauda que equilibrava o corpo sustentado sobre as duas poderosas patas traseiras. Mas os olhos do tiranossauro olhavam para a frente e os do albertossauro olhavam mais para as laterais. Isso sugere que o albertossauro não era capaz de julgar distâncias muito bem, de modo que, quando caçava, provavelmente não saltava sobre sua presa. O albertossauro pode ter caçado em matilhas.
Astúcia, força e velocidade eram suas principais vantagens. Com suas longas e poderosas patas traseiras, o albertossauro era capaz de correr mais que suas presas ou de emboscar um herbívoro que encontrasse sozinho e desprotegido. As patas traseiras eram capazes de desferir golpes poderosos, desequilibrando e derrubando a presa. As garras eram usadas para causar feridas mortais. A construção leve e as pernas longas demonstram que ele era veloz e gracioso. Pode ter atingido velocidade de  40 a 50 quilômetros por hora. 
A cabeça do albertossauro tinha dois chifres sem ponta, logo diante dos olhos. O propósito pode ter sido decorativo, como o da crista da galinha. É possível que o macho tivesse pele de cores brilhantes sobre os chifres a fim de atrair as fêmeas na temporada de acasalamento. 
Restos fósseis de albertossauros são comuns, especialmente os dentes, que freqüentemente se quebravam quando o animal estava se alimentando. Diversas espécies foram reconhecidas. O Albertosaurus sarcophagus e o Albertosaurus libratus são os mais comuns. O Albertosaurus lancensis foi recentemente renomeado nanotirano (em inglês). Alguns paleontologistas acreditam que o alectrossauro, umdinossauro terópode da Mongólia (Alectrosaurus olseni) seja uma variante do albertossauro. Caso isso proceda, haveria albertossauros vivendo tanto na América do Norte quanto na Ásia. 

Alossauro

Período: Jurássico Tardio.
Ordem, subordem, famíliaSaurischia, Theropoda, Allosauridae.
Localização: América do Norte.
Comprimento: 11 a 12 metros.


Allosaurus watches Camarasaurus
Vernall Field House
Alossauro observa camarassauro na água
Alossauro quer dizer "réptil diferente", um estranho nome para esse poderoso, temível e mortífero dinossauro do período jurássico tardio. O alossauro era o principal inimigo de saurópodes gigantes como o apatossauro e o diplodoco, ainda que esse herbívoros pesassem muito mais que as duas toneladas do predador. Até o surgimento dos tiranossauros, 50 milhões de anos mais tarde, o alossauro e seus parentes eram os maiores predadores do planeta.
Na escavação de dinossauros Cleveland-Lloyd, em Utah, mais de 10 mil ossos foram escavados desde 1927 e cerca de metade deles pertencia a alossauros. O número de ossos de alossauros é incomum, porque existia em média um predador para cada 10 herbívoros. O local da escavação era provavelmente uma armadilha de predadores, onde algumas presas eram apanhadas, mas provavelmente predadores que tentavam se alimentar dos corpos também eram apanhados na armadilha. Nenhum dos esqueletos de alossauros estava articulado. Eles provavelmente foram pisoteados e movidos no local. Também foram encontrados ossos de outros animais, como os herbívoros estegossauro e barossauro. 
Os alossauros que o local de escavação abrigava eram animais de todas as idades, com comprimentos de pouco mais de 30 centímetros a mais de 13 metros e peso superior a duas toneladas. Estima-se que alguns alossauros possam ter atingido os 17 metros de comprimento, com peso de quase três toneladas. Dois outros predadores encontrados na escavação são o marshossauro e o stokesossauro, ambos pequenos e esguios. Um terceiro predador encontrado foi o ceratossauro, um terópode de porte médio. Todos esses animais eram raros, se comparados ao alossauro. 
Allosaurus and Camptosaurus
Museu de História Natural do Condado de Los Angeles 
Um alossauro (fundo) e um camptossauro (frente) em pose de combate no Museu de História Natural do Condado de Los Angeles
O poderoso crânio do alossauro era uma perfeita máquina carnívora. As mandíbulas eram grandes e fortes, com dentes serrilhados e desenhados para cortar carne com a precisão de uma faca. O animal provavelmente usava seus imensos músculos mandibulares, seu pescoço e cabeça grandes e poderosos, e seus dentes cortantes para matar e devorar a presa. O predador estava presente em muitos lugares. Dentes quebrados de alossauros foram localizados perto dos esqueletos de diversos animais, demonstrando o alcance do genus.
Os membros frontais do alossauro eram curtos, mas fortes, com mãos de três dedos. Cada dedo contava com uma garra fortemente recurvada e afiada. O alossauro provavelmente usava os membros frontais para capturar presas e segurar a carne para a alimentação. As patas traseiras eram grandes e poderosas, o que proporcionava velocidade e agilidade ao alossauro. 
O alossauro provavelmente comia qualquer animal que conseguisse emboscar e dominar. Como os leões atuais, o alossauro provavelmente era um predador oportunista, atacando animais velhos ou fracos, quando possível, e roubando carcaças de outros predadores.
A mais comum das espécies é o Allosaurus fragilis. Um parente próximo do alossauro é o acrocantossauro, do início do período cretáceo na América do Norte. 

Anchicertopo

Período: Cretáceo Tardio (em inglês).
Ordem, subordem, família: Ornithischia, Marginocephalia, Ceratopsidae.
Localização: América do Norte (Canadá).
Comprimento: 6 metros.
O anchicerátopo foi descoberto na margem do rio Red Deer, na província de Alberta, Canadá, em 1912, por uma expedição do Museu Americano de História Natural comandada por Barnum Brown. Eles localizaram a parte de trás de um crânio equipado com um folho (escudo ósseo) de pescoço de tipo novo. Brown deu ao espécime o nome de Anchiceratops ornatus, ou "réptil de chifre curto". Em 1924, Charles Sternberg encontrou um crânio quase completo do anchicerátopo, que propiciou mais informações sobre esse dinossauro. Sternberg percebeu que esse crânio diferia um pouco do primeiro, de modo que o designou como uma nova espécie, o Anchiceratops longirostris. Os paleontologistas não estão certos de que exista mais de uma espécie de anchicerátopo. Mais espécimes foram localizados posteriormente, com um esqueleto quase completo que está exposto no Museu Nacional do Canadá.
As características mais distintas desse dinossauro são seu folho de pescoço incomum. O folho é moderadamente longo e retangular, com pequenas fenestras (aberturas) ovais. A borda do folho é espessa, logo atrás dos chifres localizados na fronte. Na parte de trás do folho existem seis grandes epo-occiptais (nódulos ósseos em torno do folho) que se expandem na forma de esporões curtos e triangulares apontados para trás. O folho também tem dois pequenos esporões que se curvam para cima e para o lado de fora.
O anchicerátopo tinha um chifre curto no nariz, um nariz muito longo e dois chifres de dimensões moderadas na região acima dos olhos. O esqueleto do animal demonstra que sua cauda era muito curta, mas de outra forma era bastante parecido aos demais ceratópsios.
O anchicerátopo vivia na mesma época que seu parente próximo, oarrinocerátopo. Ele também era estreitamente aparentado ao torossauro,chasmossauropentacerátopo e tricerátopo.

Anchissauro

Período: início do Jurássico.
Ordem, Subordem, Família: Saurischia, Sauropodomorpha, Anchisauridae.
Localização: América do Norte (Estados Unidos).
Comprimento: 13 metros.
Anchisaurus polyzelus
Brian Franczak
Anchisaurus polyzelus
O anchissauro é um dos mais antigos dinossauros norte-americanos descritos. O primeiro esqueleto parcial foi localizado em Connecticut em 1818, e inicialmente foi considerado como um fóssil humano. Os cientistas reconheceram-no como de dinossauro em 1885, e o nome quer dizer "quase um lagarto". 
O anchissauro é diferente da maioria dos demais protossaurópodes porque suas patas dianteiras e traseiras eram longas e estreitas. Peter Galton e Michael Cluver classificaram o anchissauro e o tecodontossauro como protossaurópodes de pés estreitos, separando-os dos protossaurópodes de pés mais largos. O anchissauro e o tecodontossauro estão entre os menores dos protossaurópodes e a diferença no formato de seus pés está no tamanho. 
O crânio do anchissauro era leve e triangular, se visto pela lateral. Outros protossaurópodes, como o plateossauro, tinham crânios mais retangulares, com focinhos menos pronunciados. O anchissauro também difere de outros protossaurópodes porque a junta da mandíbula fica no nível da mandíbula inferior, e não abaixo da fileira dos dentes. O anchissauro tinha dentes sem pontas, em formato de diamante, em menor número e agrupados em formação menos densa do que em outros protossaurópodes. Tudo isso demonstra que o anchissauro provavelmente comia plantas macias e fáceis de mastigar.

Anquilossauro

Assim como o tiranossauro e o tricerátopo, o anquilossauro é um dosdinossauros mais conhecidos. A popularidade do anquilossauro deriva de uma fantasiosa restauração em tamanho natural exposta na Feira Mundial de Nova York (em inglês), em 1964.
Por meio dos estudos de Walter Coombs, sabemos que o anquilossauro e todos os membros da família dos anquilossaurídeos não tinham esporões e protuberâncias ósseas se projetando do corpo, como propunha a restauração exibida na feira mundial. Esses esporões e protuberâncias ocorrem apenas em outra das famílias de anquilossauros, os nodossaurídeos (ver sauropelta). Além disso, não havia base para mostrar placas retangulares sobrepostas em fileiras regulares por sobre o corpo do animal. Placas como essas foram encontradas em espécimes de anquilossauros, mas seus tamanhos e formatos eram diferenciados. Não conhecemos o arranjo das placas sobre o corpo porque não foi localizado até agora um espécime com as placas preservadas como estariam em vida. O arranjo de placas de nodossaurídeos como o do sauropelta, do edmontonia e do anquilossaurídeo saichania é conhecido. Esses espécimes são importantes porque oferecem a única prova da aparência que a blindagem tinha nas diversas espécies de anquilossauros. A forma e o arranjo das placas de blindagem diferiam nos três animais.
Como outros dinossauros blindados, o anquilossauro tinha placas ósseas unidas (fundidas) ao lado externo do crânio e das mandíbulas. Mas diferentemente do sauropelta, que apresentava muitas placas grandes, o anquilossauro apresentava muitas placas pequenas. O anquilossauro também diferia do sauropelta por ter chifres nos cantos superiores e inferiores do crânio, por trás dos olhos. Não se sabe porque o anquilossauro, e os demais anquilossaurídeos, desenvolveram esses chifres. Podem ter sido usados em lutas com outros animais da espécie. Os animais se posicionavam lado a lado e projetavam as cabeças contra o corpo do adversário. O golpe seria doloroso, mas não fatal.
O anquilossauro tinha uma grande clava óssea na ponta da cauda. Todos os membros da família dispunham dessa clava e a falta dela caracteriza a outra família de anquilossauros, os nodossaurídeos. A forma da clava difere em cada membro da família. A do anquilossauro era larga e longa, mas não muito alta. A clava de todos os anquilossaurídeos era feita de grandes placas de blindagem fundidas na ponta da cauda. Os ossos da cauda eram modificados para permitir que a clava se movesse. Eles se interligavam de forma a criar um "cabo" para a clava. Isso permitia que o anquilossauro movimentasse a clava de forma controlada para golpear com força.

Anserimimo

Período: Cretáceo Tardio (em inglês).
Ordem, Subordem, Família: Saurischia, Theropoda, Ornithomimidae.
Localização: Ásia (Mongólia).
Comprimento: 3 metros.
Todos os ornitomímicos, ou "dinossauros avestruz", conhecidos eram semelhantes e só podiam ser diferenciados com base em detalhes mínimos. Todos têm nomes terminados em "mimo" (que significa "imitador"). A raiz do nome deriva dos nomes de pássaros ou de outras criaturas voadoras. O ornitomímico Anserimimus planinychus, descrito pelo paleontologista mongol Rinchen Bars-bold em 1988, significa "imitador do ganso". O nome da espécie quer dizer "garra chata", em função das garras achatadas que o animal tinha nas mãos. Essas garras o distinguem dos demais ornitomímicos.
O anserimimo é conhecido com base em um único esqueleto parcial, sem cabeça, do qual principalmente as patas dianteiras e os pés foram preservados. O esqueleto foi localizado na formação de Nemegt, em Bugeen-Tsav, Mongólia, e dispunha de patas dianteiras mais poderosas do que as dos demais ornitomímicos, capazes de agarrar objetos. Os braços, mãos e as garras dos dedos, em formato de enxada, parecem desenvolvidos para remover terra solta ou matéria vegetal - possivelmente em busca de ninhos com ovos de dinossauros. Acredita-se que tenham sido onívoros e bípedes.

Antarctossauro

Período: Cretáceo Tardio (em inglês).
Ordem, subordem, família: Saurischia, Sauropodomorpha, Titanosauridae.
Localização: América do Sul (Argentina, Brasil, Uruguai).
Comprimento: estimado em 24 a 30 metros.
Antarctosaurus wichmannianus
Brian Franczak
Antarctosaurus wichmannianus
Com um osso da coxa de comprimento superior a 2,20 metros, mais longo do que qualquer fêmur conhecido, o antarctossauro era um saurópode de proporções espetaculares. Como outros membros da família dos titanossaurídeos, no cretáceo tardio, ele apresentava ancas imensas, longas patas traseiras e dianteiras, além de cauda e pescoço também longos.
O antarctossauro dispunha de uma cabeça muito pequena, até mesmo para um saurópode. Tratava-se de um herbívoro com dentes fracos, em forma de pino. Nenhum dos esqueletos preservados de antarctossauro está completo, de modo que ainda resta muito a aprender sobre esse animal.
Alguns paleontologistas calculam que, com base no comprimento dos ossos dos membros, o antarctossauro pode ter sido até maior que o Brachiosaurus brancai, o maior dinossauro conhecido com base em esqueletos completos. Mas os dois não são estreitamente aparentados. O braquiossauro pertence a uma família diferente e só existiu no período jurássico. O antarctossauro era o maior dinossauro do período cretáceo tardio. Pode ter pesado entre 80 e 100 toneladas, com altura de até 4,5 metros nos ombros.
O nome desse dinossauro significa "réptil antártico" e ele foi localizado na América do Sul, que no período cretáceo tardio não ficava muito distante do Círculo Antártico. Restos fragmentários que podem pertencer a um antarctossauro foram encontrados na Índia, mas os cientistas ainda não puderam provar que se trata do mesmo animal. Um parente, o titanossauro, foi localizado na Índia e na Argentina. Isso pode significar que a Gondwanaland talvez ainda dispusesse de conexões terrestres na época. 

Apatossauro

Período: Jurássico Tardio.
Ordem, subordem, família: Saurischia, Sauropodomorpha, Diplodocidae.
Localização: América do Norte.
Comprimento: 21 metros.
O Apatosaurus ajax, mais conhecido como brontossauro, movimentava-se constantemente, alimentando-se dia e noite. Quando eles passavam, o chão tremia porque um animal adulto pesava o equivalente a cinco elefantes. A idéia do estrondo que um animal podia fazer ao caminhar deu nome ao brontossauro, o "lagarto trovão". O nome apatossauro foi usado inicialmente para esse dinossauro, portanto é o nome correto, mas seu significado literal, "réptil sorrateiro", dificilmente se aplicaria a um gigante como ele. Com altura de 3,60 metros nos ombros, comprimento de cerca de 21 metros e peso de 30 toneladas, esse pacífico herbívoro não era capaz de se esconder ou desaparecer no cenário.
Apatosaurus
Museu Canadense da Natureza
O brontossauro era um saurópode que se tornou dominante no período jurássico 
Como seus parentes próximos, o barossauro e o superssauro, esse saurópode tinha cabeça pequena, um pescoço longo e esguio, e uma seção central robusta e pesada. Também era dotado de fortes pernas e de uma longa cauda que terminava em um chicote fino. 

Apatosaurus skull
Museu Americano de História Natural
Crânio de apatossauro
Alguns anos atrás, um dos mais célebres erros da história da ciência foi identificado: o esqueleto de brontossauro em exibição no Museu Carnegie de História Natural, em Pittsburgh, portava o crânio errado. O crânio de um camarassauro, que pertencia a família diferente, havia sido instalado no esqueleto. O brontossauro foi localizado quase completo, quando escavado, mas sem cabeça. Na época, o melhor palpite era o de que seu crânio se assemelhava ao do camarassauro, com perfil arredondado e obtuso, grandes dentes usados para esmagar alimentos, e mandíbulas poderosas. Os cientistas que perceberam o erro estudaram os mapas da escavação onde todos os ossos haviam sido localizados e perceberam que o crânio correto havia se separado do corpo por alguns metros, antes da fossilização. O crânio verdadeiro também era parte do acervo do Museu Carnegie. O crânio do brontossauro se assemelhava bastante ao do diplodoco, com um perfil alongado e fino, e dentes pequenos e delicados na porção frontal da mandíbula.
O pescoço do brontossauro era pequeno, perto da cabeça, mas a base do pescoço, perto do corpo, era bem larga, e os ossos do pescoço eram longos e maciços. A despeito de seu pescoço longo, a capacidade de elevar a cabeça dos brontossauros era limitada, e eles provavelmente não podiam erguê-las muito acima dos ombros.
Os ossos da porção média do corpo eram imensos. As costelas eram longas e retas, e as vértebras eram grandes, mas apresentavam porções ocas que as tornavam mais leves, sem lhes tirar a força. As pernas eram retas e fortes, como as de um elefante, com pequenos e curtos dedos. Os dedos das patas dianteiras não tinham garras afiadas, exceto o interno, que tinha uma garra apontada para o lado de dentro. Os pés traseiros tinham três garras ligeiramente parecidas com o casco de uma vaca. 
O brontossauro era mais alto nos quadris que nos ombros. A altura de um animal crescido era de cerca de 4,5 metros nos quadris. As ancas eram largas e os ossos da bacia precisavam suportar o imenso desgaste das caminhadas de um corpo tão pesado. Os ossos da cauda perto da parte frontal eram também imensos e todos dispunham de protrusões altas às quais os músculos se apegavam para manter a cauda longe do chão. A cauda pesava diversas toneladas, provavelmente, e seu uso mais plausível era facilitar o equilíbrio do apatossauro ao caminhar. O comprimento da cauda, cerca de nove metros até a ponta, provavelmente ajudava na distribuição do peso.
Os primeiros paleontologistas tinham muitas idéias erradas sobre o brontossauro. Devido ao seu tamanho, os cientistas acreditavam que possa ter vivido na água. Na verdade, os animais viviam em locais semi-áridos. As pegadas mostram que caminhavam em terra e seus esqueletos não exibem adaptações relacionadas a uma vida na água.
Por muitos anos, artistas e cientistas desenharam brontossauros e seus parentes arrastando as caudas no chão ao caminhar, mas não há provas disso. As pegadas dos saurópodes não apresentam marcas de cauda e os ossos da cauda não mostram sinais de dano ou desgaste. Além disso, uma cauda de duas a três toneladas se prenderia em plantas ou em rachaduras nas rochas, caso fosse arrastada. O brontossauro carregava sua cauda bem longe do corpo e ela se movia graciosamente a fim de ajudá-lo a preservar o equilíbrio. 
Outra idéia errada surgiu porque o esqueleto foi montado de modo incorreto. O brontossauro foi montado com as patas abertas, o que indicaria que ele caminhava com movimento pronunciado dos quadris. As pegadas demonstram que os saurópodes posicionavam os pés quase exatamente sob o centro de seus corpos, ao caminhar. É provável que caminhassem de maneira tão graciosa e tão eficiente quanto os elefantes.
O brontossauro, assim como os demais saurópodes, era herbívoro. Os paleontologistas argumentam sobre que métodos ele empregava para comer o bastante para manter vivo seu corpo de 30 toneladas. O crânio e as mandíbulas parecem pequenos demais para a ingestão de volume suficiente de comida. Além disso, as plantas dominantes da época, as coníferas, não eram nutritivas o bastante para esses gigantes. Uma adaptação que ajudava em sua digestão eram os gastrólitos, ou "pedras estomacais", em seus aparelhos digestivos. Os dinossauros engoliam pequenas pedras que ajudavam a triturar as plantas em seus estômagos. Gastrólitos são ocasionalmente encontrados em escavações de brontossauros e de seus parentes.
Os bontossauros adultos tinham poucos inimigos, mas os mais jovens seriam presas fáceis para predadores gigantes como os alossauros e os ceratossauros. Os jovens provavelmente se mantinham próximos de seus pais e de outros adultos, que os protegiam contra ataques. Um conjunto de pegadas de dinossauros no Texas demonstra que, em um rebanho de saurópodes, os adultos se moviam do lado de fora e os animais mais jovens ficavam perto do centro do grupo. 
O brontossauro era um dos saurópodes mais comuns. Restos do animal foram encontrados em Utah, no Colorado e em Wyoming, mas ele pode ter vivido também mais ao sul e mais ao norte. Esqueletos e restaurações de brontossauros estão entre os exemplares mais comuns em museus porque poucos dinossauros eram maiores. Trata-se do mais estudado dos saurópodes.